Por Manuel Mucari
MAPUTO (Reuters) - Candidato à reeleição, o presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, venceu por larga margem uma votação que carregava a esperança de acalmar um país prestes a se tornar um dos principais exportadores de gás do mundo, mas que em vez disse agravou as divisões, com os partidos de oposição não aceitando o resultado.
Nyusi registrou 73% dos votos na corrida presidencial, disse a Comissão Eleitoral Nacional (CEN) neste domingo, e seu partido, o Frelimo, também venceu as disputas locais e legislativas.
Ossufo Momade --candidato do Renamo, antigo movimento guerrilheiro que se tornou o principal partido de oposição-- rejeitou o resultado, após receber 21,88% dos votos.
No novo mandato de cinco anos, Nyusi será responsável por comandar um novo impulso no setor de gás, promovido por gigantes como a Exxon Mobil (NYSE:XOM) e a Total, bem como por enfrentar uma insurgência islâmica e por implementar um acordo de paz assinado há dois meses.
Discursando para apoiadores em um subúrbio da capital Maputo, onde apareceu no palco sob o som de aplausos e vuvuzelas, Nyusi disse que seguirá com o desenvolvimento de Moçambique e com a implementação do acordo.
“Vou trabalhar para que possamos ter um Moçambique próspero, igualitário e justo”, disse ele diante da multidão. “Nessas eleições, o povo de Moçambique venceu.”
As esperanças eram de que a eleição de 15 de outubro pudesse fortalecer o frágil acordo de paz, elaborado para encerrar definitivamente quatro décadas de violência entre o Frelimo e o Renamo.
Ambos os lados se enfrentaram numa guerra civil de 16 anos que acabou numa trégua em 1992, mas continuam a se confrontar esporadicamente desde então.
Ao invés disso, o acordo de paz está arriscado a fracassar ante a rejeição do resultado das eleições por partidos de oposição, que alegam fraude, intimidação e irregularidades. O Frelimo diz que as eleições foram justas e livres.