Por Alastair Macdonald e Karolina Tagaris
ATENAS/BRUXELAS (Reuters) - Uma guerra de palavras entre a Grécia e a Alemanha, principal economia do euro, agravou-se nesta terça-feira com a recusa do novo primeiro-ministro grego em aceitar o que chamou de uma "chantagem" para que estenda os termos de um resgate internacional e a promessa feita por ele de apressar a reversão de reformas trabalhistas.
Os mercados financeiros ficaram em alerta após as últimas negociações entre ministros das Finanças europeus terem acabado mal na segunda à noite e os parceiros da UE deram até o final da semana para a Grécia pedir por uma extensão para não perder a ajuda financeira.
Muitos investidores creem que qualquer que seja a retórica utilizada, ambos os lados vão conseguir encontrar um acordo antes da expiração das linhas de crédito de Atenas, dentro de dez dias. Caso falhem, a Grécia pode rapidamente ficar sem recursos e ser obrigada a adotar moeda própria.
No entanto, o Banco Central Europeu não está em vias de cortar financiamentos emergenciais a bancos da Grécia nesta semana, disse uma fonte familiar com a situação.
Ambos os lados continuam a insistir que a Grécia continue na zona do euro.
O primeiro-ministro grego, Alexia Tsipras, disse aos legisladores de seu partido Syriza que o governo - eleito com a promessa de revogar o resgate, reverter as odiadas medidas de austeridade e encerrar a colaboração com credores da "Troika" formada pela UE, FMI e BCE - não iria se comprometer.
A Grécia não seria tratada como uma colônia de menor importância na Europa, disse Tsipras. Ele acusou "certos círculos" na zona do euro de buscarem prejudicar seu governo e o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeauble de perder o temperamento ao fazer comentários degradantes sobre a Grécia.
Schauble, de 72 anos, desferiu em casa uma mensagem de tudo ou nada, ponderando sarcasticamente se o ministro das Finanças grego sabia o que queria ou fazia as melhores escolhas para o povo grego.
"A questão continua a ser se a Grécia precisa de um programa ou não", disse ele a repórteres após mais um dia de reuniões em Bruxelas.
"Todos nós ... queremos a zona do euro unida", acrescentou ele.
"Mas todos devem fazer a sua parte e é uma decisão que cabe a Atenas somente... Em 28 de fevereiro, à meia-noite, está terminado".