TAIPÉ (Reuters) - A liderança da China está "sobrecarregada" demais com seus problemas internos para considerar uma invasão de Taiwan, disse a presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, em uma entrevista ao New York Times.
A China, que considera Taiwan, um país democraticamente governado, como parte de seu próprio território, aumentou a pressão militar contra a ilha nos últimos quatro anos, o que levou a preocupações com um conflito que teria repercussões globais.
Mas Tsai, em uma transcrição da entrevista do New York Times DealBook Summit que seu escritório publicou nesta quinta-feira, disse que a China tinha muitos problemas no momento.
"Bem, acho que a liderança chinesa, neste momento, está sobrecarregada por seus desafios internos. E minha opinião é que talvez este não seja o momento para eles considerarem uma grande invasão de Taiwan", disse ela.
"Em grande parte devido aos desafios econômicos e financeiros internos, bem como aos desafios políticos, mas também porque a comunidade internacional deixou bem claro que a guerra não é uma opção, e que a paz e a estabilidade servem aos interesses de todos."
Questionado sobre os comentários de Tsai, o Ministério da Defesa da China afirmou: "A China eventualmente e certamente será reunificada".
"O Exército de Libertação Popular tomará todas as medidas necessárias para proteger firmemente a soberania e a integridade territorial da China", disse o porta-voz do ministério, Wu Qian, em uma coletiva de imprensa mensal em Pequim.
Tsai e seu governo solicitaram repetidamente conversações com a China, mas foram rejeitados, pois Pequim considera Tsai e o Partido Democrático Progressista (DPP), no poder, como separatistas.
Tsai afirma que somente o povo de Taiwan pode decidir seu futuro.
Taiwan está no meio da campanha para as eleições presidenciais e parlamentares a serem realizadas em 13 de janeiro. Lai Ching-te, do DPP, atualmente vice-presidente, é o favorito para ser o próximo presidente de Taiwan, de acordo com as pesquisas de opinião.
Tsai disse que "não era segredo" que a China estava tentando interferir nas eleições de Taiwan.
"Mas acho que eles provavelmente não estão tendo muito sucesso em seus esforços para tentar influenciar as eleições aqui. Principalmente, porque esta é uma democracia e as pessoas sabem que tomaram suas melhores decisões quanto a quem será o próximo líder de Taiwan", acrescentou.
Na quarta-feira, o Escritório de Assuntos de Taiwan da China intensificou seus ataques contra Lai e seu companheiro de chapa, Hsiao Bi-khim, ex-enviada de Taiwan aos Estados Unidos.
"A independência de Taiwan significa guerra. O DPP, ao promover essa perigosa dupla ação independentista, apenas envenenará os interesses e o bem-estar dos compatriotas da ilha", disse o porta-voz Chen Binhua em uma coletiva de imprensa.
Falando a repórteres em Taipé nesta quinta, o principal formulador no governo de Taiwan de políticas relacionadas à China, Chiu Tai-san, rejeitou as críticas de Pequim.
"Honestamente falando, esses comentários mostram que eles nem sequer sabem o que são políticas e eleições democráticas", disse Chiu, que dirige o Conselho de Assuntos Continentais de Taiwan.
(Reportagem de Ben Blanchard; Reportagem adicional de Yew Lun Tian, em Pequim)