BERLIM (Reuters) - O político Wolfgang Schaeuble, que foi membro do Parlamento alemão por mais de meio século, faleceu aos 81 anos, encerrando uma das carreiras políticas mais longas da Alemanha, na qual ele ajudou a garantir o lugar de seu país no centro da Europa.
Schaeuble dedicou grande parte de sua carreira à reunificação do país e, posteriormente, atuou como ministro das Finanças da ex-chanceler Angela Merkel durante a crise da dívida da zona do euro. Ele morreu em paz na terça-feira, disse nesta quarta-feira um porta-voz do partido de centro-direita Democratas Cristãos (CDU).
Schaeuble nasceu em 1942 na cidade de Freiburg, no sul do país, e ocupava um assento no Parlamento desde 1972.
"A Alemanha perdeu um democrata-cristão em formação que adorava discutir e, ainda assim, nunca perdeu de vista o que é a política: tornar a vida melhor para os cidadãos", disse o chanceler alemão Olaf Scholz em comunicado.
Como ministro do Interior, Schaeuble, que representava a Alemanha Ocidental, foi fundamental na elaboração dos termos do tratado de reunificação da Alemanha, assinado em agosto de 1990, após a queda do muro de Berlim.
"Ele personificou a Alemanha democrática do pós-guerra como poucos", disse a ministra do Interior, Nancy Faeser.
O CDU elogiou o compromisso de Schaeuble com a estabilidade e a responsabilidade nas questões financeiras, dizendo que "seu legado permanecerá nos anais da história alemã e europeia".
Como ministro das Finanças, Schaeuble comandou a resposta política da Alemanha à crise da zona do euro, garantindo o apoio do bloco conservador de Merkel para três resgates à Grécia.
Essa determinação, que beirava a intransigência, ajudou a torná-lo o político alemão mais popular no país e o mais odiado no exterior, o que lhe rendeu o apelido -- concedido pela revista Spiegel -- de "chanceler dos bastidores".
O ex-ministro das Finanças grego Yanis Varoufakis, que criticou abertamente as políticas de austeridade defendidas por Berlim no auge da crise da dívida, disse nesta quarta-feira que a história julgará Schaeuble com severidade.
"Wolfgang Schaeuble foi a personificação do projeto político de apoio a uma união monetária na qual ele mesmo não acreditava", escreveu Varoufakis em seu site.
Entretanto, elogios às suas contribuições vieram de toda a Europa, inclusive de líderes da França, da Eslováquia, da Holanda e da Itália.
Schaeuble foi ministro das Finanças até 2017, quando assumiu o cargo de presidente da câmara baixa do Bundestag, demonstrando o mesmo foco que o levou a se adaptar à paralisia depois de ser baleado três vezes em um evento de campanha eleitoral alguns dias após a reunificação alemã, em 1990.
"Sentiremos falta da voz de Wolfgang Schaeuble na Alemanha e, pessoalmente, sentirei falta de seus conselhos", disse Merkel em comunicado. "Lamento a perda de um político que moldou nosso país de muitas maneiras."
(Por Klaus Lauer e Rachel More)