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China, Mudanças Para o Futuro.

Publicado 25.04.2013, 09:58
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Na semana de 15 a 20 de abril, eu e o Senador Blairo Maggi tivemos uma agenda intensa na China, onde tivemos a oportunidade de nos reunirmos com representantes do setor privado e governamental chinês para discutirmos quais as tendências de futuro do mercado chinês. O que nossos principais compradores de soja estariam interessados em comprar e qual seria o potencial de crescimento da demanda daquele país.

Em todas as reuniões ficou claro a importância do Brasil como fornecedor de soja e a crescente demanda do país. No último ano a China importou 27 milhões de toneladas de soja do Brasil e neste ano deve passar de 30 milhões de toneladas. Mas também ficou claro em todas as reuniões que a China tem noção de que a ineficiência de logística do Brasil é uma das principais preocupações no curto prazo para manter o país como seu principal fornecedor.

Em reunião com a COFCO, uma empresa Estatal muito importante na China e que compra muita soja do Brasil, seu executivo, Cheng Muping, nos informou que nesta safra tiveram um impacto muito grande nos carregamentos brasileiros e isto os deixa muito preocupados. Pediu-nos claramente para que fossem feitos investimentos urgentes nos portos brasileiros e completou dizendo que a partir de março a fila nos portos brasileiros cresceu muito, com relatos de espera de mais de 60 dias o que causou a paralisação da fabrica de esmagamento da COFCO na China.

Cheng Muping nos disse que a demanda chinesa seguirá crescendo e que a demanda por ração esta fortemente aquecida e a China deve importar mais de 64 milhões de toneladas de soja no próximo ano. Segundo ele, a demanda por milho também crescente fortemente, e a China pode já no curto prazo importar 15 milhões de toneladas de milho. Colaborando com essa informação, as projeções do USDA apontam que em 10 anos a China superará o Japão e o México e se tornará a maior importadora mundial de milho, demandando 20 milhões de toneladas do cereal.

Em reunião com a Associação da Indústria Animal, o presidente, Sr. He Xintian, nos informou que eles tem grande interesse na compra de farelo de soja do Brasil, o que não ocorre porque o farelo tem taxas de importação, mas espera que no futuro essas taxas possam cair através de acordos bilaterais. E acrescentou que na China existe um Fundo de Investimento para financiamento de projetos agroindustriais fora da China.

No setor governamental, estivemos reunidos com o Vice-Ministro da Agricultura, Niu Dun, que nos disse que existe uma forte preocupação da China com relação à segurança alimentar e que o país tem grande respeito pelo Brasil como parceiro. O Vice-Ministro compartilhou um dado que nos chamou muita atenção. O Governo chinês estaria disponibilizando 100 bilhões de dólares para investimentos em agricultura fora da China. Podemos vislumbrar que países com grande potencial de expansão agrícola e que tem grande carência de recursos, como Moçambique, por exemplo, seriam beneficiados com esses investimentos, como uma política de longo prazo de garantia de suprimentos de comida para os chineses.

Entretanto, o que nestas reuniões me deixou mais surpreso foi à mudança nos discursos dos chineses. Todos colocam a preocupação da China com relação à segurança alimentar e à sustentabilidade ambiental, e por isso nos foi questionado muito sobre o potencial brasileiro de crescimento da produção, mas que de forma alguma eles esperam que o Brasil desmate novas áreas. E é claro que relatamos que essa não é uma intenção brasileira, e que temos muitas áreas abertas de pastagens onde à agricultura pode se expandir sem desmatar.

Outro ponto que chamou nossa atenção é quanto aos transgênicos. Ficou nítido o interesse das empresas por soja convencional. E quando questionamos qual a tendência do mercado na relação entre transgênicos e não transgênicos, tanto o setor privado quanto governamental nos informou que a grande massa é menos sensível a isto, compra o mais barato. Mas que uma parcela importante da população chinesa, melhor colocada financeiramente, estaria atenta e teria preferencia por produtos não transgênicos.

E todas as empresas importadoras de produtos do Brasil que conversamos se mostraram interessadas em criar um mercado especifico de soja convencional, mesmo que tenham que pagar mais. Inclusive fomos questionados se existia a possibilidade do fornecimento no curto prazo de volumes superiores a 10 milhões de toneladas de soja convencional. Isso é algo que realmente chama a atenção e pode influenciar todo o mercado brasileiro, afinal nós produtores vamos plantar o que o consumidor demandar.

Portanto, ficou patente que houve uma mudança nas tendências chinesas quanto à qualidade dos produtos importados e que existe um aumento na preocupação de se fornecer produtos seguros do ponto de vista alimentar. Também, que se abriu a possiblidade do Brasil exportar tanto soja transgênica quanto não transgênica, o que é muito positivo para nós produtores, já que temos a possibilidade de manejar as duas. E junto com todas essas possiblidades, também ficou claro que temos um dever de casa urgente com relação à nossa infraestrutura.

Confesso que foi muito interessante vermos a preocupação do Governo chinês com os anseios da população e suas necessidades. E ao contrario do que se poderia imaginar, o governo comunista se mostra muito sensível ao que o povo pensa e deseja, todos os 1,4 bilhões de pessoas. E é claro que para nós brasileiros é muito positivo o Governo chinês ter elegido como meta a melhoria da qualidade de vida da população. Isso se traduzirá em um melhor poder aquisitivo das pessoas que poderão comer melhor, e em última análise, demandarão mais alimentos importados do Brasil.

O nosso maior desafio agora é saber aproveitar a demanda crescente da China por produtos alimentícios e conseguir captar, com isso, recursos para investimentos em infraestrutura no Brasil. As diferenças culturais são muitas e existe uma grande desconfiança de ambos os lados. Mas amadurecida a relação, com projetos bem elaborados e com uma sinalização positiva do governo assegurando esses investimentos, sem duvida o Brasil partilhará ganhos muito positivos nessa locomotiva chamada China.

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