O mercado financeiro é um lugar complicado. Coabitam neste ambiente todos os tipos de ser, dos mais honestos aos menos.
E é interessante como o capitalismo de compadrio brasileiro funcionou nestes últimos anos – diversas empresas estão confessando crimes para se livrarem de penas mais duras.
Será que finalmente começamos a punir a corrupção endêmica? Minha única certeza é que começamos a ver o que acontecia nas reuniões secretas (e não tão secretas) de Brasília.
O que me faz sempre pensar. Se o preço é sempre a variável de ajuste, quanto deveríamos pagar por uma companhia envolvida em escândalos?
Claro que isso não consta nos livros de valuation do Damodaran (o maior guru de precificação de empresas do mundo).
E, após vermos a Qualicorp (SA:QUAL3) cair -30 por cento em um dia para subir +10 por cento no dia seguinte, vemos Hypera (SA:HYPE3)(HYPE3), a antiga Hypermarcas, em reportagem do Valor, colaborando com as autoridades na apuração de corrupção.
Ontem, eu vi o absurdo de um analista simplesmente dar um desconto de -50 por cento em sua planilha de 1.000 linhas de valuation – desconto de “governança”.
Damodaran teria um ataque de pânico se visse isso.
Pra que criar uma enorme planilha com projeções de 30 anos de resultados e, sem choro nem vela, aplicar um desconto no resultado final? Não faz nenhum sentido.
Eu, humildemente, não monto planilhas.
Faz mais sentido gastar todo este tempo entendendo os negócios e os problemas que podem surgir.
E, Hypera é um belo negócio. Resultados sólidos, crescimento constante, sem dívidas, em um setor altamente resiliente.
Mas, a 14x Ebitda e 15x lucros, com uma possível delação dos executivos trazendo escrutínio sobre como a empresa foi montada, prefiro ficar de fora.
No Investidor de Valor, esperamos ansiosamente por péssimas notícias e vendedores forçados para olhar para HYPE com mais carinho.
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