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Minha intenção com as minhas tônicas nunca foi decifrar o que se passará nessa semana, saber se a bolsa cai ou sobe, adivinhar isso ou aquilo - mas sim ler o sentimento do mercado, falar daquilo que estudo e ouço, e trazer contrapontos para fazer o leitor pensar.
Então, em minha opinião chegamos a um momento de dúvida importante. Os ursos (bearish) mais convictos começam a duvidar: ”Mas como essa bolsa já subiu 28% (S&P) e 24% (IBOV)?”; “Não é possível, o PIB vai cair x%, a atividade vai demorar para se recuperar”; “O pico ainda nem chegou no Brasil”; ”Não é possível que não vá ter outra queda antes de voltar a subir de fato”, e por aí vai.
Mas os touros (bullish) também têm os seus receios: “Pois é, já deu uma subida boa, exageros já foram corrigidos”; “Bolsa subindo com volumes descendentes na alta”; “Será que teremos alguma realizada, afinal ainda tem gente morrendo!”
A meu ver, é aqui onde estamos. Dúvida. O vendido repensa sua posição e o comprado pensa em botar no bolso o lucro.
Sim, os números não mentem. Eles mostram a realidade. Que números? Que realidade? A realidade de caos em que vivemos.
A confiança do consumidor americano despencou.
Não daria para esperar nada diferente, afinal muitos ficaram desempregados! Mais de 22 milhões de pessoas pediram auxílio desemprego nos EUA.
Vendas de carros e roupas colapsaram!
A atividade medida pelo FED de NY colapsou, apontando para uma contração de PIB que não quero nem ver!
Os números e gráficos são da economia americana, mas a relação e a análise SERVEM TOTALMENTE PARA O BRASIL! Vamos ver o mesmo nos números do Brasil, com diferença só para o desemprego, que no Brasil deve fazer um spike bem menor pelas diferença de legislação.
Mas a questão é que o mercado de ações antecipa, não é mesmo?
Na tônica da semana passada, escrita em conjunto com o Eliseu, chamei o momento atual de estabilização:
Acreditamos que já tivemos um momento de reconhecimento no mercado de ações, que começou em fevereiro. A parte do pânico cedeu em março, quando tivemos o pior março da história, com queda de mais de 30% do IBOV em apenas um mês. E acreditamos que, agora, estamos em um momento de estabilização.
Mas confesso que é difícil determinar até onde vai “estabilização” e “antecipação”. Quem leu a tônica passada vai entender. Tanto o movimento de queda quanto o movimento de alta estão sendo deveras rápidos.
Abaixo o gráfico do Citi Economic Surprises, que mede o quanto os indicadores econômicos têm surpreendido. No caso, ainda para baixo. Mas veja que o S&P 500 (azul) se antecipa em resposta às boas notícias.
Que boas notícias?
Todas essas notícias funcionam como socos no estômago dos ursos e têm empurrado a bolsa para cima. Dissipam-se os medos, aquela ideia estúpida de que o corona iria ficar por aí durante meses, com a economia fechada por seis, nove, 12 meses! Aqui no Bugg nunca concordamos com essa ideia, mas ela rondava o imaginário popular. Essas ideias se dissipam.
Os americanos continuam mais pessimistas do que otimistas sobre a trajetória da situação do coronavírus nos EUA, mas suas avaliações melhoraram consideravelmente ao longo da semana passada. Link para pesquisa completa.
A questão é que a redução dessa incerteza é refletido nos preços dos ativos! Menos incerteza = preços mais caros. Menos risco = menor prêmio para aqueles que compram quando ninguém quer!
Nesse final de semana a XP fez uma live com o célebre gestor Luis Stuhlberger. O Brasil não tem um histórico forte de investimento em ações, junto a isso os juros sempre foram altos por aqui, então o principal expoente, quando o assunto são investimentos, acaba sendo o Stuhlba! Muita coisa é interessante, mas vou salientar dois slides que achei muito bons!
Primeiro: será que teremos dois anos ruins de lucros?
Ele, assim como eu, acredita que sim, a atividade e os números das empresas serão horrorosos esse ano… Mas será que serão horrorosos por dois anos? No gráfico abaixo, ele faz um exercício para chegar ao impacto que foi precificado nos mercados, zerando lucro num ano, reduzindo 50% no ano seguinte, menos lucro no longo prazo, aumento do custo de capital (pelo medo)… A ideia aqui é mostrar que houve certo exagero, pois um ano representa muito pouco para o valor da empresa, que deriva em grande parte da sua capacidade de gerar lucros por anos a fio.
Segundo: ele colocou um slide com argumentos “bearish” e o contraponto “bullish” que achei muito bons…
Mas a questão não é tão simples quanto parece (corona acabou, bolsa para cima e deu). Penso que saímos diferentes dessa crise e que isso terá impactos econômicos. Aliás, essa tem sido uma discussão muito presente nos grupos de WhatsApp que participo, ou mesmo internamente no Bugg.
Breno tem uma visão, eu diria, menos otimista da coisa toda. Eliseu escreveu um post com a sua visão sobre o que podemos esperar daqui para frente, pós corona.
Da minha parte, tenho que me cuidar para não ir com os 85% de brasileiros que acham que tudo voltará ao normal já em junho…link para pesquisa.
Veja que os japoneses, que estão lidando com o corona desde janeiro, são os menos otimistas! Fora isso, os caras são inteligentes, né! Rs.
Então vou concluir sem concluir nada. As notícias e desdobramentos é que vão definir esse curto prazo. Precismos que as notícias sigam vindo positivas para regar esse otimismo com o mercado. Qualquer novidade de reinfectados ou aumentos de casos nos EUA seria horrorosa para o mercado agora.
A vida vai ser diferente sim, mas não faço ideias o quanto. Sei que seguirei tomando chimarrão, comendo churrasco e torcendo para o Grêmio, o resto só Deus sabe!
Da minha parte, não pauto os meus investimentos nas boas e más notícias. Sigo comprado. Estou apenas fazendo uma leitura do que se passa e dando aqui minha opinião furada.
#OIL – Isso aqui sim preocupa!
Já disse aqui que essa queda no petróleo pode ser até mais nociva para o arranjo econômico no médio prazo! Tenso! Link.
#IBOV – Estrangeiros interrompem 22 semanas de saídas em ações na B3 (Bloomberg)
O saldo de recursos estrangeiros ficou positivo em R$ 969 milhões entre 6 e 10 de abril, interrompendo uma série de 22 semanas seguidas de saídas semanais, excluindo entradas via ofertas de ações, segundo dados compilados pela Bloomberg. O saldo acumulado até 9 de abril está negativo em R$ 53,6 bilhões, incluindo entradas via ofertas de ações, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
#S&P – Mais gente apostando na queda?
Matéria completa aqui.
#Artigo super completo sobre o Corona no Brasil e motivos para se manter otimista:
Vou só postar um trecho para que vocês se sintam animados a acessar…
Olhando os números acima, parece que realmente tivemos sucesso em achatar a curva no Brasil e estamos ao redor da média global de 0.7% e abaixo dos EUA, de 1.8%. Lembrando que óbitos são um “lagging indicator” e que isso pode ainda aumentar os índices. Mais sobre isso na última parte do texto.
Era isso.
Aquele Abs.
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