Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A colheita de soja no Rio Grande do Sul foi concluída nas regiões Noroeste, Alto Uruguai, Nordeste e parte do Planalto, elevando a área colhida no Rio Grande do Sul para 96%, 2 pontos percentuais acima da semana passada, com produtores aproveitando os breves períodos secos e ensolarados, segundo boletim semanal da Emater.
Os grãos retirados dos campos apresentaram condições físicas e sanitárias "relativamente melhores, apesar do longo período de maturação a campo", acrescentou a empresa de assistência técnica ligada ao governo gaúcho.
No início da semana, a Emater estimou perdas de 2,7 milhões de toneladas de soja devido às enchentes, o que tirou a chance de o Estado ter uma safra recorde de 22,2 milhões de toneladas.
A produção prevista de 19,5 milhões de toneladas, contudo, ainda é uma das melhores safras do Estado, que nos últimos anos sofreu perdas severas em função da seca.
De acordo com o Informativo Conjuntural da Emater, as lavouras em colheita apresentaram perdas crescentes devido à debulha natural, aos grãos germinados e avariados e às falhas na trilha, causadas pelo excesso de umidade.
"Destaca-se, de forma geral, a perda expressiva de qualidade dos grãos."
Ainda restam muitas lavouras de soja a serem colhidas nas regiões Sul e Campanha. As plantações restantes estão em maturação.
Após a retirada da soja, parte dos produtores está realizando reparos em inúmeros locais onde ocorreu erosão do solo e buscando recuperar parte da fertilidade com a adição de corretivos de acidez e de nutrientes, acrescentou.
Durante o período, as condições climáticas permitiram avanço da colheita de milho. Nas áreas com colheita mecanizada, o processo ocorreu à medida que os grãos alcançaram níveis adequados de umidade.
Estima-se que, na média estadual, a colheita de milho alcançou 94% da área cultivada, segundo a Emater.
ARROZ
A colheita de arroz prosseguiu, e houve finalização da atividade em grande parte do Estado, relatou o órgão gaúcho.
A área estimada de cultivo de arroz irrigado pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) é de 900.203 hectares, dos quais 810.272 hectares (90%) foram colhidos, resultando em produção total de 6,8 milhões de toneladas, citou a Emater.
O volume previsto, ainda restando áreas para serem colhidas, quase supera o total produzido no ano passado, de 6,9 milhões de toneladas, segundo dados da Conab, que registrou naquela safra a menor colheita em várias décadas.
Preocupações com a oferta do produto básico e a especulação de preços levaram a Conab a realizar um primeiro leilão de compra de arroz importado nesta quinta-feira, adquirindo 263,37 mil toneladas, visando aumentar o suprimento local.
A Emater disse que ainda restam 89.931 hectares de arrozais a serem colhidos; desses, 22.952 hectares estão totalmente perdidos em função das enchentes, principalmente na região central, apontou o relatório.
Segundo o Irga, as áreas parcialmente submersas, que não estão totalmente perdidas, somam 17.876 hectares e abrangem diversas regiões. Além disso, restam 49.103 hectares "não afetados pelas cheias, que estão sendo colhidos, mas apresentam produtividades muito inferiores às obtidas anteriormente".