Taxas futuras recuam com impasse comercial entre Brasil e EUA e falas de Galípolo no radar
Investing.com – Os preços do petróleo voltaram a ceder nesta quarta-feira, com o Brent atingindo os menores níveis em mais de quatro anos. A queda reflete o aumento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, o que intensifica os receios de recessão global e de retração na demanda por energia.
Após uma breve pausa na véspera, os contratos de petróleo retomaram sua trajetória de queda. Investidores chegaram a especular sobre possíveis concessões por parte do presidente dos EUA, Donald Trump, com vistas a viabilizar algum avanço nas negociações com a China. A sinalização não veio. Pelo contrário.
Na noite de terça-feira, Trump assinou uma ordem executiva elevando em mais 50 pontos percentuais as tarifas já anunciadas contra produtos chineses — o que eleva o total tarifário aplicado à China para 104%. A decisão amplia a tensão com o maior importador de petróleo do mundo e alimenta incertezas sobre o futuro do comércio global.
Às 7h20 de Brasília, o barril do Brent, referência internacional e para a Petrobras (BVMF:PETR4), recuava 4,63%, negociado a US$ 59,93. Já o barril do Texas (WTI), referência nos EUA, caía 4,77%, para US$ 56,76.
CONFIRA: Cotação das principais commodities
Nem mesmo os dados do American Petroleum Institute (API), que apontaram uma leve redução nos estoques de petróleo nos EUA — com queda de 1,1 milhão de barris na última semana —, foram suficientes para conter o pessimismo. O alívio, ainda que pontual, contrasta com as altas expressivas dos estoques registradas nas semanas anteriores, que já vinham sinalizando desaceleração no consumo.
Impactos esperados da nova escalada tarifária
A decisão de Trump surpreende pela magnitude. O novo pacote tarifário, que amplia as alíquotas para até 104%, supera em muito o cenário mais agressivo sugerido durante sua campanha, que apontava uma taxa máxima de 60%.
A expectativa no mercado é de que a medida afete diretamente a atividade econômica chinesa, com potencial para reduzir a demanda por petróleo no curto prazo. Pequim, por sua vez, já reagiu com firmeza, prometendo “responder à altura” e manter sua posição “até o fim”, conforme declarações recentes de autoridades chinesas.
Ao mesmo tempo, a China deve intensificar programas de estímulo interno, buscando amortecer os impactos das medidas americanas sobre o crescimento doméstico. Ainda assim, o impacto esperado sobre o fluxo de comércio global e a atividade industrial global gera um efeito cascata sobre a precificação das commodities energéticas.
Além do impacto na Ásia, há crescente preocupação com os reflexos sobre a economia norte-americana. Com as tarifas sendo absorvidas, em grande parte, pelos importadores locais, o aumento de custos tende a pressionar a inflação e frear o crescimento. Diversos bancos e casas de análise ajustaram para cima as probabilidades de recessão nos EUA em 2025, o que contribui para o cenário de aversão a risco.
Estoques dos EUA e sinalizações futuras
Apesar do recuo registrado nos estoques semanais, os volumes ainda seguem elevados. Na semana anterior, os estoques haviam subido em 6,1 milhões de barris — número muito acima das expectativas. O mercado agora aguarda a divulgação dos dados oficiais, prevista para mais tarde nesta quarta-feira, em busca de uma sinalização mais clara sobre o comportamento da demanda doméstica.