Por Peter Nurse
Investing.com – Os preços do petróleo recuavam na quinta-feira, rumo ao seu primeiro declínio mensal neste ano, diante de preocupações com a desaceleração do crescimento econômico, que pesaram mais do que uma restrição maior da oferta.
Às 12h06 (horário de Brasília), o contrato futuro do petróleo norte-americano cedia 3,63%, a US$ 105,80 por barril, enquanto o contrato futuro do petróleo Brent caía 3,58%, a US$ 108,87 por barril.
Cresceram as preocupações com uma desaceleração econômica mundial neste mês e uma consequente destruição de demanda de petróleo, na medida em que os bancos centrais e o Federal Reserve, em particular, começaram a apertar sua política monetária agressivamente para tentar conter a disparada da inflação.
Uma recessão nos EUA nos próximos 12 meses é “muito mais provável”, declarou Andrew Balls, diretor-chefe de investimento global em renda fixa da PIMCO, na quinta-feira.
"Uma recessão não é a única coisa importante. Provavelmente veremos uma desaceleração significativa do crescimento”, afirmou Balls em um webinário de mídia, acrescentado que a probabilidade de uma recessão é similar na Europa, possivelmente um pouco maior.
Dito isso, os preços do petróleo continuam elevados, devido à grande restrição de oferta mundial, sobretudo depois que a invasão da Rússia na Ucrânia retirou do mercado o abastecimento de um grande país produtor.
A capacidade mundial de produção excedente de petróleo em maio de 2022 foi menos da metade da média de 2021, declarou a Administração de Informações Energéticas dos EUA, na semana passada.
É pouco provável que haja um aumento extraordinário de oferta no médio prazo, na medida em que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+), que inclui a Rússia, devem manter nesta quinta-feira o plano previsto de elevações modestas de produção em agosto.
Vários desses países enfrentaram dificuldades para atingir seus níveis permitidos de produção, em razão de problemas de infraestrutura, além do fato de que os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita, dois dos maiores produtores da Opep, já estão extraindo quase o máximo possível.
As tratativas nucleares com o Irã, que acontecem em Doha entre a UE e o país persa, também parecem estar progredindo pouco.
“Acreditamos que um acordo nuclear com o Irã levará tempo, portanto consideramos que haverá pouca mudança na oferta petrolífera do país durante o resto do ano”, disseram analistas da ING em nota.
Além disso, alguns trabalhadores da indústria petrolífera offshore da Noruega devem entrar em greve no dia 5 de julho, segundo declarações do sindicato da categoria na quinta-feira, o que deve reduzir a produção do país em cerca de 4%.