Por Anthony Boadle
BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil poderá obter em 2017/18 uma produção abundante de soja como colheu na temporada passada, quando o maior exportador global da oleaginosa teve um recorde, disse nesta segunda-feira à Reuters o secretário-executivo do Ministério de Agricultura, Eumar Novacki.
"Sendo muito realista, eu acredito que a safra deste ano vai ser tão positiva quanto a safra anterior. Tenho conversado com os produtores, e eu não acredito que vamos ter perdas significativas, pelo contrário, vamos empatar ou superar aquilo que foi projetado", disse Novacki.
A declaração foi dada pelo secretário um dia antes de a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) atualizar seus números de safra.
No levantamento de novembro, a Conab havia estimado uma safra entre 106,4 milhões e 108,6 milhões de toneladas em 2017/18, ante um recorde de 114 milhões no ciclo anterior.
Analistas privados estão revisando para cima suas estimativas.
Na sexta-feira, a consultoria AgRural elevou sua projeção para 112,9 milhões de toneladas, ante 110,2 milhões de toneladas previstas há um mês, com expectativa de maior produtividade média.
RÚSSIA
Novacki disse ainda que as conversas entre técnicos de Brasil e Rússia para a liberação de trigo russo estão sendo "muito positivas", enquanto paralelamente o país tenta reabrir o mercado russo para a carne bovina e suína brasileira.
"Nós entendemos que toda relação bilateral deve ser uma via de mão dupla. Quem quer vender mais tem que estar disposto a comprar mais... Eles querem vender trigo para o Brasil, nós temos que estar dispostos a comprar e deixar o mercado se regular. Se houver qualidade (do trigo) e se houver preço, por que não?", afirmou.
Uma instrução normativa para liberar a importação de trigo russo deve sair nesta semana e dará prioridade para portos e moinhos localizados nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, disse na sexta-feira à Reuters uma fonte do Ministério da Agricultura.
Sobre o embargo à carne brasileira pelos EUA, o secretário afirmou também que as conversas têm sido muito positivas para a reabertura do mercado, fechado por questões sanitárias.
"Eu acredito que em breve as coisas vão andar. Nós mandamos todas as informações e estamos esperando análise do governo norte-americano."