SÃO PAULO (Reuters) - A SLC Agrícola (BVMF:SLCE3), uma das maiores produtoras de grãos e oleaginosas do Brasil, avalia que os preços da soja surpreenderam positivamente e vão se manter firmes em meio à volatilidade climática, enquanto o ajuste dos custos de produção para baixo foi mais rápido do que imaginado para 2023/24, disse nesta quinta-feira o CEO da companhia, Aurélio Pavinato.
"Os preços internacionais tiveram uma reação bem importante, há três meses estávamos enfrentando preço de soja no patamar 12 dólares por bushel... em função da volatilidade climática para as lavouras americanas, os preços voltaram para quase 14, hoje estão em patamar de 13,3 dólares", disse ele, referindo-se aos contratos da safra nova dos EUA na bolsa de Chicago.
"Ou seja, nossa visão é de que os preços internacionais vão se manter em patamares superiores aos que imaginávamos há três meses em função das questões climáticas...", acrescentou.
Ele ponderou que, com o fenômeno climático El Niño atuando, a expectativa é de uma boa safra na América do Sul. "Mas clima é clima, cada vez mais volátil, sempre vai ter essa influência."
Pavinato disse também que a companhia acredita que as cotações da soja vão se manter no patamar de 13 dólares por bushel ao longo do próximo ciclo.
Os comentários foram feitos durante teleconferência para comentar os resultados do segundo trimestre, que recuaram 28,2%ante o mesmo período do ano passado.
De outro lado, ele avaliou que os prêmios da soja brasileira em relação ao mercado internacional deverão continuar pressionados no próximo ano, "pois vamos entrar na safra nova com muito volume para ser vendido", após uma colheita recorde em 2023.
"O Brasil vai ser um país que vai ofertar produtos para o mercado internacional com desconto, com prêmio negativo, que não é o padrão histórico, beneficiando o comprador final, que estará comprando mais barato."
AJUSTE RÁPIDO
Segundo Pavinato, os ajustes para baixo nos custos de produção para a safra 2023/34 foram "bem intensos" no que se refere aos insumos agrícolas.
"O importante para 23/24 é que o ajuste de custos foi rápido, talvez além do que nós imaginávamos inicialmente, imaginamos que o ajuste de custo aconteceria mais parcialmente o longo de 2023, ficaria uma grande parte ou uma parte do ajuste a ser complementado em 2024", disse ele.
Dessa forma, ele avaliou que aqueles que aguardaram para fazer compras de insumos acabaram acertando.
Questionado sobre as culturas mais vantajosas para a próxima safra, o executivo disse que o algodão neste momento está mais competitivo do que o milho.
"A tendência é ter um aumento maior do algodão em detrimento do milho na próxima safra", disse ele sobre culturas de segunda safra que serão semeadas só no próximo ano.
(Por Roberto Samora)