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Em efetivação de Pazuello, Bolsonaro ignora 134 mil mortes por Covid-19 e chama ministro de vencedor

Publicado 16.09.2020, 19:50
© Reuters. .

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - Na solenidade de efetivação do general Eduardo Pazuello no comando do Ministério da Saúde, o presidente Jair Bolsonaro não fez qualquer menção ao número de mais de 130 mil mortes pela Covid-19 no país e chamou o ministro de vencedor, além de voltar a fazer defesa enfática do uso da hidroxicloroquina no tratamento da doença, apesar da falta de eficácia comprovada.

Bolsonaro não prestou condolências às vítimas da doença, apesar de o Brasil ser o segundo país do mundo com o maior número de óbitos devido ao novo coronavírus. Exaltou, no entanto, o trabalho do ministro.

"Ousar, ousar e vencer, você é um vencedor", disse Bolsonaro no evento realizado no Palácio do Planalto, após citar também experiências de Pazuello em outras áreas da administração pública federal.

Quando Pazuello assumiu interinamente o cargo de Ministro da Saúde, em 15 de maio, o Brasil tinha um total de 218.223 casos e 14.817 mortes de Covid-19. Na ocasião, o país era o sexto do mundo em número absoluto de casos, atrás de Estados Unidos, Rússia, Espanha, Reino Unido e Itália.

Atualmente, são 4.419.083 casos de Covid-19 no Brasil --o terceiro maior do mundo, atrás dos EUA e da Índia-- e 134.016 óbitos --superado somente pelos Estados Unidos.

No discurso, o presidente destacou que, mesmo sem ser médico, estava certo na forma de conduzir a pandemia do novo coronavírus.

Sem citar nominalmente o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, Bolsonaro disse que teve problemas com um ex-chefe da pasta em razão da mudança do protocolo para ampliação do uso da hidroxicloroquina no combate à Covid-19 e criticou --assim como Pazuello-- a política de ficar em casa e só recorrer ao atendimento médico em caso de falta de ar.

"Não consegui impor ou propor a sugestão ao então ministro da Saúde de retirar do protocolo que o tratamento com a hidroxicloroquina deveria ser administrado apenas quando o paciente estivesse em estado grave", disse.

"Nada mais justo, nada mais sagrado, nada mais legal que um médico lá na ponta da linha decidir o que vai aplicar em seu paciente na ausência de um remédio com comprovação científica", acrescentou, sob palmas.

Pazuello assumiu o cargo interinamente após o então titular, Nelson Teich, pedir demissão com menos de um mês no cargo por também não concordar, assim como Mandetta, com a ampliação do uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19.

Os medicamentos têm em Bolsonaro um dos seus principais defensores. Ele próprio, que contraiu Covid-19 em julho, usou a hidroxicloroquina.

Em suas falas na solenidade no Planalto, tanto Bolsonaro quanto Pazuello não fizeram qualquer referência ao atual número de mortos e infectados por Covid-19 no país. O ministro, contudo, se solidarizou com os familiares das vítimas. Pazuello chegou a destacar o número de recuperados por Covid-19.

Bolsonaro disse que a gestão da pandemia poderia ter sido tratada de uma forma diferente, mas destacou que, por decisão judicial, medidas restritivas eram "exclusivamente" de competência dos governadores e prefeitos. Na verdade, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que as atribuições sobre a crise do Covid-19 era compartilhada entre os três entes federados.

"Entendo que alguns governadores foram tomados pelo pânico por essa mídia catastrófica no Brasil", disse. "Não é uma crítica à imprensa, é uma constatação", completou.

O presidente exaltou que sabia da "enorme capacidade" do agora ministro efetivo de gestão e elogiou-o por ter ganho a simpatia durante a interinidade não só do governo, mas de governadores e prefeitos.

Na sua fala, Bolsonaro repetiu que, mesmo sendo duramente criticado, deveria se atacar a questão do emprego e do vírus ao mesmo tempo e parabenizou publicamente o ministro da Economia, Paulo Guedes, por ter tomado uma série de medidas para conter o desemprego.

A cerimônia no Planalto contou com aglomerações --o que não é recomendado por especialistas em saúde na pandemia.

VENCENDO A GUERRA

No seu discurso, Pazuello afirmou que o Brasil está vencendo a guerra contra a Covid-19 e as atividades estão voltando ao normal, apesar de o Brasil ainda registrar um elevado número de óbitos por dia devido à pandemia.

© Reuters. .

Pazuello afirmou que medidas adotadas pelo governo à frente da pasta conseguiram uma "estabilidade bem definida", com as Regiões Norte e Nordeste com queda confirmada e os Estados do Sudeste, Sul e Centro-Oeste apresentando tendência de redução.

Apesar de os dado apontarem uma redução nas últimas semanas, o número de mortes semanais pela Covid-19 no Brasil ainda está entre os maiores do mundo, com média de 715 óbitos por dia na última semana epidemiológica.

Pazuello agradeceu a "confiança plena" dada pelo presidente que o convidou para assumir interinamente o cargo no momento mais crítico da pandemia e disse que recebia a efetivação com respeito e compreensão da "enorme responsabilidade" que isso representa.

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