Dólar tem alta forte ante o real em meio a receios com a política fiscal
O diretor de Política Monetária do BC (Banco Central), Nilton David, disse nesta 5ª feira (9.out.2025) que o Banco Central não tem “nenhum prazer” em manter a taxa básica, a Selic, em nível elevado. Afirmou, porém, que a política monetária restritiva é o “ponto de menor risco e menor custo” para cumprir a meta de inflação.
O diretor também disse não haver chance de a inflação convergir para a meta se a atividade econômica seguir crescendo “acima do potencial”, porque isso provocará pressões nos preços.
David participou do evento “Cenários Econômicos em Perspectiva”, promovido pela Câmara Espanhola, em São Paulo.
“O passar do tempo é sempre um incômodo para todo mundo. O passar do tempo com os juros percebidos como apertado por todos, inclusive pelo Banco Central, também é um incômodo. O Banco Central não tem nenhum prazer em manter juros apertados”, disse David.
O diretor declarou que o Banco Central toma decisões monetárias sobre “dados probabilísticos e esperados” de um momento. Afirmou haver um nível de incerteza em relação ao futuro, e que o BC vai aguardar dados econômicos para basear as próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária).
“A gente está olhando tudo com lupa, tentando nos pautar sobre tudo que é possível de informação e de diagnóstico e de percepção. […] O grande aprendizado é saber que não tem como saber quais serão os próximos passos e quando serão os próximos passos”, disse David.
Ele disse que a atividade econômica do Brasil terá uma “moderação” depois de 4 anos de crescimento “robusto” e “surpreendente”. Para o diretor, a economia brasileira foi mais pujante do que o esperado pelas autoridades e economistas.
“No cenário daqui para frente a gente espera que haja alguma moderação. […] Estamos com nível de crescimento acima do potencial neste momento, o que acaba gerando […] algumas pressões de inflação, e é o que a gente está vendo hoje”, disse David.
O diretor do BC disse que o mercado de trabalho segue aquecido, com taxa de desocupação em queda e nível de ocupação em alta. Ele afirmou que o “índice de angústia”, que soma as taxas de desemprego e de inflação, indica que o patamar de 2025 é o mais baixo desde, pelo menos, 2002.