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Por Isabel Versiani
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou nesta sexta-feira que está havendo um descolamento entre a percepção dos investidores e os avanços ocorridos no Brasil, inclusive na área fiscal, e defendeu que o país precisa se comunicar com eficiência para ganhar credibilidade e atrair investimentos.
"Hoje a gente tem um momento único, de um governo alinhado com um Legislativo que quer fazer reformas e que tem mostrado um trabalho de extrema competência. Acho que a gente precisa passar essa percepção de melhoras no nosso ambiente institucional, que isso se transforme numa mensagem para os investidores, que a gente consiga trazer aí, diminuir essas incertezas", disse Campos Neto durante o evento Esfera Brasil, patrocinado pela Febraban.
Ele afirmou que o país sofreu uma sucessão de choques que contribuíram, em parte, para desorganizar as expectativas, e nesse contexto ressaltou a importância de fortalecer a comunicação e mostrar que o país não parou durante a pandemia.
"No final das contas, a gente tem que crescer com investimento, tem que crescer no mundo privado, e para crescer no mundo privado precisa de credibilidade, e para credibilidade a gente precisa comunicar o que nós estamos fazendo de forma eficiente."
Do lado fiscal, Campos Neto destacou que os indicadores estão próximos aos níveis estimados antes da pandemia e que a piora da percepção dos agentes de mercado nessa seara se deu por avaliação de que diversas medidas recentes do governo visavam um aumento do Bolsa Família no ano que vem.
Ele frisou, no entanto, que o próprio presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), presente no mesmo evento, havia assegurado não haver intenção de se romper o teto fiscal.
"Entendendo obviamente que tem ruído, que nós temos uma eleição, que existe uma vontade sempre de associar o processo eleitoral com as medidas que estão sendo feitas, mas o fato é o seguinte: o Brasil fez medidas estruturantes quando ninguém estava fazendo e está fazendo medidas estruturantes dentro do regime de responsabilidade fiscal", disse Campos Neto.
Ao citar estimativas de que o déficit primário seja de cerca de 0,3% do PIB no ano que vem e que a dívida bruta fique próxima de 81% do PIB, ele afirmou que os números são parecidos com o que era estimado antes da crise da pandemia. "Cadê a deterioração? Os números não mostram isso", afirmou.
Campos Neto também reforçou o compromisso do BC com as metas de inflação, reiterando que a autarquia tem toda capacidade de usar os instrumentos de política monetária que têm disponíveis "com liberdade e autonomia".
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