Por Gabrielle Tétrault-Farber
GENEBRA (Reuters) - A Organização Mundial da Saúde (OMS) reclamou nesta terça-feira sobre o bloqueio israelense a um comboio de resgate médico na Faixa de Gaza, dizendo que um paciente morreu durante uma operação bloqueada pelos soldados, que detiveram um membro da equipe do Crescente Vermelho.
Em uma postagem na plataforma de mídia social X, o chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que uma missão liderada pela OMS para levar suprimentos e retirar pacientes do último hospital parcialmente em funcionamento no norte de Gaza foi barrada em ambas as direções por israelenses.
Um dos 19 pacientes gravemente feridos que a equipe estava tentando resgatar morreu no caminho por causa do bloqueio. Um membro da equipe do Crescente Vermelho foi separado do comboio, despido, espancado e assediado antes de ser enviado horas depois a pé, sem roupa e sem sapatos, com as mãos ainda amarradas atrás das costas.
"Estamos profundamente preocupados com as checagens prolongadas e a detenção de profissionais de saúde que colocam em risco a vida de pacientes já fragilizados", disse Tedros.
A missão de sábado retirou pacientes graves e entregou suprimentos cirúrgicos e de trauma para atender às necessidades de 1.500 pessoas no Hospital Al-Ahli, o último que ainda funciona parcialmente na metade norte da Faixa de Gaza.
Na saída do norte, alguns pacientes e a equipe do Crescente Vermelho foram instruídos em um posto de controle israelense a deixar as ambulâncias. Pacientes graves foram revistados por soldados israelenses armados.
"Alguns profissionais de saúde foram detidos e interrogados por várias horas", afirmou Tedros. "Devido à retenção, um paciente morreu no caminho."
Richard Peeperkorn, representante da OMS em Gaza, que estava no comboio, disse que os médicos foram forçados a deixar para trás um membro da equipe da Sociedade do Crescente Vermelho Palestino.
"Depois de duas horas e meia, tivemos que fazer essa escolha incrivelmente difícil de deixar essa área altamente perigosa e prosseguir para a segurança e o bem-estar dos pacientes", disse Peeperkorn a repórteres por meio de um link de vídeo.
Mais tarde, o funcionário detido relatou ter sido assediado, espancado, ameaçado, despido e vendado. Após sua libertação, ele foi deixado para caminhar em direção ao sul de Gaza com as mãos ainda amarradas atrás das costas e sem roupas ou sapatos, disse a OMS.
"Sua história é angustiante, e a humilhação e o tratamento desumano a que ele foi submetido são bastante chocantes", afirmou Peeperkorn.
Profissionais de saúde já foram detidos em missões anteriores a instalações de saúde em Gaza. Em 18 de novembro, seis pessoas foram detidas durante uma missão liderada pela OMS para transferir pacientes do Hospital Al-Shifa. Quatro dessas pessoas continuam detidas, informou a OMS.
(Reportagem adicional de Emma Farge e Cécile Mantovani)