(Reuters) - Os planos do Federal Reserve de continuar elevando as taxas de juros no próximo ano encontraram mais ceticismo de Wall Street nesta segunda-feira, com operadores de contratos futuros apostando em uma pausa e um grande banco recuando parcialmente em suas previsões 'hawkish'.
O banco central dos EUA deve elevar os juros um pouco na semana que vem, diante de um mercado de trabalho quente e um crescimento econômico acima do potencial, mesmo com a inflação permanecendo na meta. Dois meses voláteis nos mercados financeiros e sinais de uma desaceleração no exterior levantaram dúvidas sobre a capacidade do Fed de promover as três altas previstas por suas autoridades para 2019.
O aperto nas condições financeiras convenceram o economista-chefe do Goldman Sachs de que o banco central dos EUA está agora mais propenso a interromper as altas de juros em março, antes de continuar com três altas em 2019. Anteriormente, o Goldman havia previsto quatro altas no próximo ano, muito mais do que está precificado pelos mercados financeiros.
"Nós pensamos que a probabilidade de uma alta em março caiu a pouco menos de 50 por cento", escreveu Jan Hatzius, do Goldman, em um comunicado nesta segunda-feira. Mas "nós vemos um retorno aos aumentos trimestrais em junho, que continuam até o fim de 2019."
Operadores de contratos futuros de juros de curto prazo, por sua vez, apostam que o Fed pode interromper de vez suas altas de juros no ano que vem e poderia até mesmo reduzir os custos de empréstimo.
Contratos ligados à meta do Fed subiram nesta segunda-feira, refletindo crescentes preocupações sobre as perspectivas de crescimento dos EUA em meio a uma desaceleração global e dúvidas sobre uma saída suave do Reino Unido da União Europeia, depois que a primeira-ministra Theresa May adiou abruptamente uma votação parlamentar sobre seu acordo para o Brexit.
Também contribuíram com as preocupações alguns sinais de que expectativas de inflação estão caindo e que as disputas comerciais EUA-China estão mais difíceis. Tudo isso pesou sobre os mercados acionários, com o S&P atingindo uma mínima de 8 meses no início do pregão desta segunda-feira.
A situação em Wall Street, escreveu o professor de economia da Universidade de Oregon Tim (SA:TIMP3) Duy, é "desagradável e por sua vez cria considerável incerteza sobre a perspectiva da política monetária em 2019".
Com base nos preços de futuros dos Fed funds, operadores veem agora 73 por cento de chances de uma alta de juros na próxima semana e apenas 49 por cento de chances de uma alta adicional no fim do próximo ano. Contratos com vencimento em junho de 2020 têm agora um preço maior que os contratos vencendo um ano antes, indicando que operadores estão começando a colocar apostar algum dinheiro em cortes de juros.
As mudanças nas previsões jogam luz sobre as expectativas do próprio Fed, que vai atualizar suas estimativas na quarta-feira da próxima semana, quando deve aumentar os juros pela quarta vez neste ano.
(Por Jonathan Spicer e Ann Saphir)