Por Aidan Lewis e Amina Ismail
CAIRO (Reuters) - Os egípcios foram às urnas nesta terça-feira no terceiro e último dia de uma eleição presidencial que deve dar ao presidente Abdel Fattah al-Sisi uma grande vitória na ausência de concorrentes reais.
Muitos egípcios têm demonstrado pouco interesse ou conhecimento sobre a eleição, embora as autoridades e os comentaristas da imprensa local rigidamente controlada os tenham incentivado a votar por dever nacional.
"Não votarei porque estou cansado deste país", disse o motorista de táxi Hossam, de 27 anos, que afirmou que sua qualidade de vida havia se deteriorado durante o governo de Sisi, que já dura uma década.
"Quando houver uma eleição de verdade, eu sairei para votar", disse ele.
A eleição que começou no domingo é a terceira de Sisi desde que assumiu o poder em 2013, após a derrubada do primeiro presidente eleito pelo povo do Egito, Mohamed Mursi. Islamista, Mursi conquistou a Presidência um ano após a destituição do autocrata Hosni Mubarak, em uma revolta popular.
Organizações internacionais têm criticado o histórico de direitos humanos do Egito durante o governo de Sisi, acusando-o de reprimir as liberdades políticas.
Na nova capital em construção na parte oriental do Cairo, uma música patriótica era tocada por um alto-falante do lado de fora de uma seção eleitoral em uma avenida repleta de bancos recém-construídos e ministérios neofaraônicos.
Trabalhadores de construção civil e de escritórios se aglomeravam do lado de fora, alguns agitando bandeiras egípcias, dançando e segurando uma faixa com uma grande foto de Sisi. Algumas dezenas de pessoas faziam fila para votar, enquanto agentes de segurança à paisana observavam.
A eleição contou com três outros candidatos de pouca expressão. O mais proeminente oponente em potencial interrompeu sua candidatura em outubro, dizendo que oficiais e bandidos haviam atacado seus apoiadores -- acusações rejeitadas pela autoridade eleitoral nacional.
Críticos afirmam que a eleição é uma farsa e que a popularidade do ex-general Sisi tem sido corroída em meio a uma crise econômica e a uma repressão de uma década contra dissidentes.
Na segunda-feira, a Autoridade Eleitoral Nacional disse que o comparecimento nos dois primeiros dias de votação atingiu cerca de 45%, superando o da última eleição presidencial em 2018, mas os críticos lançaram dúvidas sobre esses números.