Por Crispian Balmer e Angelo Amante
ROMA (Reuters) - Giorgia Meloni foi empossada como a primeira mulher primeira-ministra da Itália neste sábado, ao lado de sua equipe de gabinete, dando ao país seu governo mais alinhado à direita desde a Segunda Guerra Mundial.
Ela assume o cargo em um momento especialmente tenso, com a economia endividada da Itália novamente entrando em recessão, empresas sofrendo sob o peso das contas de energia cada vez mais altas e divergências dentro de sua coalizão com relação à guerra na Ucrânia.
De pé sob os lustres de cristal de uma câmara no palácio presidencial, Meloni fez seu juramento de posse enquanto sua filha de 6 anos observava.
Líder do partido nacionalista Irmãos da Itália, Meloni conquistou a vitória em uma eleição no mês passado como parte de uma coalizão que incluía o Força Itália, liderado pelo ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, e o anti-imigrantes Liga, de Matteo Salvini.
Seu governo substitui uma administração de unidade nacional comandada pelo ex-chefe do Banco Central Europeu Mario Draghi, que estava à frente dos esforços da União Europeia para impor sanções à Rússia depois que o país invadiu a Ucrânia em fevereiro.
Embora Meloni tenha prometido apoio à Ucrânia, Berlusconi repetidamente a enfraqueceu. Mais cedo nesta semana, ele culpou Kiev pela guerra e revelou que trocou presentes e "cartas doces" com seu velho amigo, o presidente russo, Vladimir Putin.
Após dias de conversas muitas vezes tensas, Meloni apresentou sua equipe na sexta-feira, dando cinco ministérios cada à Liga e à Força Itália e reservando nove cargos no gabinete para seu próprio partido.
Os tecnocratas compõem o restante da equipe de 24 importantes autoridades, que inclui apenas seis mulheres e onde a média de idade é de 60 anos.
A economia fraca da Itália e a crescente dívida nacional foram confiadas a Giancarlo Giorgetti, visto como um membro moderado da Liga. O Ministério das Relações Exteriores foi entregue ao veterano do Força Itália Antonio Tajani, visto como um conciliador pró-europeu.
Tajani disse a um canal de televisão local que seu primeiro ato seria ligar para seu colega ucraniano para assegurar-lhe a contínua solidariedade da Itália.
"OS PATRIOTAS ESTÃO CHEGANDO AO PODER"
O partido de Meloni possui raízes neofascistas, mas ela procurou projetar uma imagem moderada durante a campanha eleitoral, abandonando a antiga retórica anti-UE e prometendo manter a Itália no centro das instituições europeias e ocidentais.
Líderes da Comissão Europeia em Bruxelas enviaram mensagens de felicitações neste sábado.
"Conto com e espero uma cooperação construtiva com o novo governo sobre os desafios que enfrentamos juntos", escreveu no Twitter a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen.
Meloni também recebeu aplausos de conservadores nacionalistas da Europa, que esperam que o governo da primeira-ministra se prove um poderoso aliado em seus impasses regulares com Bruxelas.
A líder francesa de extrema-direita Marine Le Pen tuitou: "Em toda a Europa, os patriotas estão chegando ao poder".
(Reportagem de Angelo Amante e Giuseppe Fonte)