(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que o procurador-geral da República, Augusto Aras, "entraria fortemente" como candidato caso tenha direito a indicar um terceiro nome para o Supremo Tribunal Federal (STF) durante seu mandato, mas disse que o PGR não está cotado para as duas primeiras indicações que ele fará.
Bolsonaro elogiou a atuação de Aras à frente da PGR, citando especialmente questões econômicas. O procurador-geral atualmente conduz o inquérito que tramita no Supremo que investiga se Bolsonaro interferiu politicamente na Polícia Federal, após acusação feita pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro.
"Sobre o Augusto Aras: se aparecer uma terceira vaga, eu espero que ninguém ali desapareça, mas o Augusto Aras entra fortemente na terceira vaga", disse ele em entrevista à rádio Jovem Pan, também transmitida ao vivo no Facebook do presidente.
"Está tendo uma atuação, no meu entender, excepcional, em especial numa coisa que o pessoal não dá muito valor, nas pautas econômicas. Ele procura cada vez mais defender o livre mercado, defender o governo federal nessas questões que muitas vezes nos amarram", acrescentou o presidente.
Questionado se Aras está cotado para as duas vagas no STF que terá direito a indicar com certeza durante seu mandato, por conta das aposentadorias compulsórias previstas dos ministros Celso de Mello e Marco Aurélio Mello, Bolsonaro respondeu que não, dizendo que já tem três nomes para essas vagas que não incluem o procurador-geral.
"Tem uma vaga prevista para novembro, outra para o ano que vem. O senhor Augusto Aras, nessas duas vagas, não está previsto o nome dele. Eu costumo dizer que eu tenho três nomes, que não vou revelar, que eu namoro para indicar para o Supremo Tribunal Federal. Um vai ser evangélico, é um compromisso que eu tenho com a bancada evangélica."
Na transmissão, o presidente voltou a comentar a operação da véspera que envolveu apoiadores suspeitos de disseminação de fake news, mas procurou aliviar um pouco o tom das críticas a ministros do Supremo Tribunal Federal.
"Eu não quero brigar com Poder nenhum. Respeito todos os Poderes, mas a recíproca tem que ser verdadeira."
Pela manhã, ao falar a operação da Polícia Federal determinada pelo ministro do STF Alexandre Moraes, Bolsonaro havia dito a jornalistas que não haverá mais um dia como o da véspera. "Acabou, porra!"
Na transmissão o presidente disse reconhecer que tem quem sofra com as fake news, mas defendeu que impor limites pode levar à implantação da censura no país.
"Eu sei que muita gente sofre com fake news --da minha parte, aqui, eu mato no peito... Mas, se você quiser, no meu entender, botar um limite, não sabe até onde vai essa linha do limite. Ela pode vir muito próxima, e daí está imposta a censura no Brasil."
(Por Pedro Fonseca e Alexandre Caverni)