Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O superávit em transações correntes do Brasil foi de 1,473 bilhão de dólares em outubro, melhor que o previsto pelo mercado, com o déficit em 12 meses caindo a 1,04% do Produto Interno Bruto (PIB), menor valor acumulado desde fevereiro de 2018 (0,97% do PIB), divulgou o Banco Central nesta quarta-feira.
A exemplo do ocorrido em meses anteriores, o dado foi beneficiado por um aumento do saldo positivo na balança comercial e pela diminuição nos déficits computados em renda primária e serviços, sendo todos esses movimentos diretamente afetados pela crise com o coronavírus.
Em outubro, o superávit da balança foi de 4,814 bilhões de dólares, sobre 1,803 bilhão de dólares um ano antes, em meio a uma queda mais acentuada na ponta das importações que das exportações.
Na renda primária, o déficit foi de 1,859 bilhão de dólares contra 6,331 bilhões de dólares em outubro do ano passado, puxado pela expressiva retração na remessa de lucros e dividendos para o exterior: 919 milhões de dólares, ante 4,187 bilhões de dólares um ano antes.
Já na conta de serviços, o déficit caiu a 1,637 bilhão de dólares em outubro, de 3,653 bilhões de dólares no mesmo mês de 2019. No mês, as despesas líquidas com viagens internacionais foram de somente 103 milhões de dólares, ante 1,044 bilhão de dólares em outubro do ano passado.
Após promover uma revisão ordinária dos dados da nota do setor externo em 2019 e 2020, o BC destacou que o superávit das transações correntes em outubro foi o terceiro consecutivo no azul e o sexto dado mensal positivo desde abril.
O resultado veio melhor que o superávit de 1,3 bilhão de dólares esperado por analistas em pesquisa Reuters. Por sua vez, os investimentos diretos no país (IDP) alcançaram 1,793 bilhão de dólares, também acima de expectativa no mercado de 1,05 bilhão de dólares.
Nos dez primeiros meses do ano, o déficit em transações correntes foi de apenas 7,588 bilhões de dólares, contra rombo de 42,938 bilhões de dólares de igual período do ano passado. A expectativa do BC para o consolidado de 2020, traçada em setembro, era de déficit de 10,2 bilhões de dólares.Para o mês de novembro, o BC projetou um novo superávit em transações correntes, desta vez de 1 bilhão de dólares, além de um IDP também de 1 bilhão de dólares. Até o dia 20 deste mês, o fluxo cambial ficou positivo em 1,161 bilhão de dólares, disse ainda o BC.
Sobre a revisão nos resultados do balanço de pagamentos, o BC apontou que ela provocou um aumento de 2,6 bilhões de dólares no rombo das transações correntes de janeiro a setembro deste ano, a 9,1 bilhões de dólares, principalmente pela elevação das despesas de lucros de investimento direto de 10,8 bilhões de dólares para 12,9 bilhões de dólares.
"A revisão das demais contas da renda primária teve impacto líquido aproximadamente nulo. Por conseguinte, as despesas líquidas da renda primária aumentaram 2,1 bilhões no período, revistas de 30,1 bilhões para 32,2 bilhões de dólares", disse o BC.
Para 2019, a revisão teve um impacto marginal: o déficit das transações correntes passou a 50,7 bilhões de dólares, contra 50,9 bilhões de dólares antes.