Brasília, 27 out (EFE).- O presidente da Federação de Câmaras de
Comércio e Indústria Venezuela-Brasil, José Francisco Marcondes,
disse hoje que um eventual veto à entrada da Venezuela no Mercosul
significaria "uma rejeição a todo um projeto de integração
regional".
A integração "não pode ser vista de um ângulo político, pois isso
cria uma polarização desnecessária" que prejudica o clima para os
negócios, disse Marcondes, sobre os intensos debates gerados pela
proposta de que a Venezuela se una ao bloco formado por Argentina,
Brasil, Uruguai e Paraguai.
A Comissão de Relações Exteriores do Senado voltará a discutir
hoje a adesão da Venezuela ao Mercosul, que já foi referendada pelos
congressos de Argentina e Uruguai, enquanto que no Paraguai foi
retirada temporariamente da pauta parlamentar, já que não há um
ambiente propício para sua aprovação.
O grupo parlamentar decidirá na próxima quinta-feira se aprova ou
não o protocolo e, caso seja aprovado, será enviado para o plenário
do Senado para uma última e definitiva votação.
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), relator da comissão, pediu
que a entrada da Venezuela seja rejeitada pelo atitude "autoritária"
do presidente Hugo Chávez, a quem acusou de liderar "um processo de
desmontagem das liberdades democráticas", alheio ao espírito do
Mercosul.
Apesar da opinião do relator, Marcondes disse estar convencido de
que a adesão da Venezuela será aprovada no Brasil, e depois no
Paraguai.
"Sem menosprezar o Paraguai, não posso acreditar que esse país
seja um obstáculo, uma vez que Argentina, Uruguai e Brasil aprovem a
entrada da Venezuela", disse.
À sessão que acontecerá hoje no Senado foram convidados o
prefeito maior de Caracas, Antonio Ledezma (de oposição), um
representante da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi) e
o vice-presidente da comunidade judaica da Venezuela, David Bittan.
Ledezma antecipou que defenderá a entrada da Venezuela no
Mercosul, pois considera que a adesão servirá para "conter" o
presidente Chávez.
Segundo Marcondes, "é importante que um opositor venezuelano se
manifeste a favor da entrada da Venezuela", apesar de preferir que o
fizesse por razões econômicas e comerciais mais que políticas.
"A integração deve ser vista como um projeto de longo prazo",
afirmou Marcondes, que disse que "quando o Mercosul foi criado, em
1991, as condições políticas também não eram as melhores em cada um
dos países".
Marcondes disse ainda que o ingresso da Venezuela ao bloco
potencializaria ainda mais o comércio e os investimentos, e deu como
exemplo o caso do Brasil, cujas empresas têm em desenvolvimento
projetos de infraestrutura na Venezuela que cifrou "entre US$ 15
bilhões e US$ 20 bilhões".
Já o comércio bilateral alcançou no ano passado um valor de cerca
de US$ 6 bilhões, embora Marcondes tenha reconhecido que este ano
cairá "entre 25% e 30%" devido ao impacto da crise financeira
global. EFE