Atualizado às 15h*
Investing.com – O mercado reagiu bem nesta terça-feira, 21, ao balanço reportado pela holding Itaúsa, controladora do Itaú Unibanco e com relevante posição acionária em empresas como Alpargatas, Dexco, Aegea e CCR.
Às 15h (de Brasília) as ações ordinárias da Itaúsa apresentavam alta de 2,11%, a R$8,24, enquanto as preferenciais estavam em valorização de 1,39%, a R$8,02.
Um ambiente macroeconômico difícil, com juros elevados, pressionou as companhias nas quais a Itaúsa (BVMF:ITSA4) possui participação nos últimos três meses do ano passado, reforçando os desafios que devem continuar nos próximos meses, na avaliação da Inter Research, que espera manutenção do nível de payout. A holding reportou lucro líquido de R$3,32 bilhão no quarto trimestre uma retração de 19,3% em relação ao mesmo período de 2021. Por outro lado, considerando 2022 como um todo, o indicador subiu 12,1%.
A Itaúsa é uma holding brasileira de investimentos de capital aberto, controladora do Itaú Unibanco (BVMF:ITUB4) e com relevante posição acionária em empresas como Alpargatas (BVMF:ALPA4), Dexco (BVMF:DXCO3), Aegea e CCR (BVMF:CCRO3).
Segundo a Itaúsa, o ano foi marcado pela conclusão da aquisição de 10,33% da CCR pelo valor de R$2,9 bilhões em setembro, além da venda de 41 milhões de ações da XP (BVMF:XPBR31) no ano, ou 7,1% do capital social, fazendo com que a participação fosse reduzida para 6,6% na empresa de investimentos. A Itaúsa deve seguir com a estratégia para venda de sua participação na XP, disse Alfredo Setubal, presidente-executivo da Itaúsa.
Em relatório divulgado aos clientes e ao mercado, o Inter Invest avaliou que a holding reportou um balanço fraco, ressaltando os desafios para os próximos trimestres. “Apesar de termos visto os efeitos de maior provisionamento do Itaú no 4T22 e mesmo assim trazendo um resultado sólido, os demais negócios trouxeram resultados mais fracos no trimestre, com o varejo sofrendo com menores volumes, afetados pelo ambiente macroeconômico desafiador e com as companhias de infraestrutura sentido pressão das despesas financeiras com o aumento da taxa de juros”, detalha o analista Matheus Amaral, que vê um ano de 2023 difícil para o setor financeiro, varejo e infraestrutura, com continuidade das pressões macro.
Na visão de Amaral, 2023 deve ser de atenções da companhia voltadas à gestão de portfólio, principalmente aquisições mais recentes. “2022 terminou com um payout de 31% e esperamos uma manutenção destes níveis enquanto seu principal investimento, o Itaú mantiver níveis mínimos de payout por lá, que podem permanecer em 2023, dado o cenário ainda de cautela no setor bancário”, completa.
Enquanto o Itaú teve um resultado sólido, a mesma situação não foi percebida na XP. Fora do setor financeiro, o varejo continua a sofrer com os juros elevados, levando a balanço fraco da Alpargatas e redução de volumes da Dexco.
Milena Araújo, CFP (Certified Financial Planner) e estrategista de investimentos da Nexgen Capital, concorda que Itaú equilibrou os resultados negativos de companhias como Alpargatas e Dexco. Araújo completa que a call de resultados do CEO demonstrou um posicionamento concentrado em diminuir desalavancagem financeira e em aumentar os dividendos dos próximos anos, voltando para patamares próximos de 2019, após uma queda forte nos últimos trimestres devido a investimentos de empresas de capex elevado.
“Ainda estão em processo de maturação. Ocorrendo essa desalavancagem, acontecendo esse processo de diminuição da dívida das companhias, a expectativa é de que o dividendo volte paro caixa de Itaúsa e que ela volte a pagar números melhores para os acionistas”, ressalta.
Proventos anunciados
Além do balanço com indicadores financeiros, a Itaúsa ainda anunciou proventos antecipados, com pagamento de juros sobre o capital próprio (JCP) no montante total de R$ 750 milhões, ou R$ 0,065705 líquidos por ação, com pagamento até 31 de agosto deste ano.