Depois de ser processado criminalmente pelo ex-ministro da Educação e pré-candidato a prefeito de São Paulo, Abraham Weintraub (PMB) por chamá-lo de "imbecil", a defesa do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, apresentou contrarrazões e afirmou ter identificado 51 publicações de Weintraub com ofensas do tipo contra terceiros que "discordam de suas ideias, de sua postura ou de seu posicionamento".
Entre as publicações apresentadas está uma em que Weintraub usa o termo "imbecil" para uma apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ao Estadão, Weintraub disse confiar na Justiça comum e espera pela condenação de Boulos para que o deputado pare com ofensas. Ele disse que não pretende retirar a queixa contra o parlamentar e propôs um debate com Boulos a qualquer momento. Já o deputado federal não quis se manifestar.
As publicações apresentadas pela defesa de Boulos são, segundo os advogados que assinam a peça, "contextualização mais do que necessária para análise da suposta ofensa ao bem jurídico objeto desta ação". Eles afirmam que Weintraub é figura política e colecionou polêmicas enquanto ministro do governo Bolsonaro.
De acordo com o documento de 31 páginas apresentado à Justiça, o ex-ministro começou "a colher frutos justamente em razão de tweets e falas agressivas, disseminando discursos de ódio contra as instituições do Estado Democrático e contra algumas nações estrangeiras, utilizando-se cotidianamente do termo 'imbecil' para se referir a desafetos".
A defesa de Boulos apontou ainda diversas manifestações de pessoas comuns que chamaram Weintraub de "imbecil" e ele não apresentou queixa. "Por sinal, são tantas as vinculações entre as expressões 'Weintraub e imbecil' existentes no Twitter, que não foi possível contabilizar o número exato de referências", citaram Alexandre Pacheco Martins e Bruna Assef Queiroz e Souza, advogados de Boulos.
Os advogados do parlamentar afirmam ainda que Weintraub "anexou aos autos somente um 'print' incompleto da postagem dita ofensiva sem qualquer certificação oficial da prova digital - e ocultou o importante contexto do qual foi estrategicamente retirado e que confere sentido à crítica." A publicação de Boulos ocorreu em janeiro de 2021.
Na inicial, os advogados de Weintraub afirmaram que Boulos cometeu os crimes de injúria e calúnia ao imputar ao ex-ministro da Educação suposta responsabilidade pela falta de vacinas contra Covid-19. "Sem qualquer fundamento científico ou factual, o Querelado afirma categoricamente que o querelante é um dos responsáveis pela falta da vacina no Brasil. Diante do quadro em que nos encontramos, trata-se de uma afirmação falsa e que objetiva denegrir a imagem do querelante perante a população", disseram os advogados Auro Hadano Tanaka e Patrícia Helena Martini Aubim, em fevereiro de 2021, quando a ação foi apresentada.
A juíza Daniela Pazzeto Meneghine Conceição, da 11ª Vara Criminal de São Paulo, determinou na segunda-feira, 22, que Weintraub se manifeste nos autos sobre as contrarrazões apresentadas por Boulos.