O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a discursar a seus apoiadores na manhã deste domingo (8.out.2023). Durante participação da marcha contra o aborto em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, afirmou que, desde que saiu da Presidência, as “portas do inferno” se abriram, em referência aos julgamentos pautados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a descriminalização do aborto e do porte pessoal de drogas.
“Não sei se vocês repararam. Foi só a gente deixar a Presidência, parece que as portas do inferno se abriram atrás de nós”, disse o ex-chefe do Executivo em cima de um carro de som. Ele estava acompanhado do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e da sua mulher, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, agora presidente do PL Mulher.
Segundo Bolsonaro, quando ele ainda ocupava a Presidência, temas como aborto e drogas nunca eram pautados. O ex-presidente afirmou que o “outro lado”, em referência à esquerda, sempre quis a “liberação” das drogas.
Bolsonaro e Michelle têm convocado apoiadores para a marcha desde o início da semana. A caminhada começou na Praça da Liberdade, que fica na região do bairro de classe alta Savassi, e irá até a Praça da Savassi.
Em vídeo publicado nas redes sociais, o deputado Nikolas Ferreira pediu para que os manifestantes fossem de branco e levassem os filhos.
“Vamos às ruas por aqueles que não podem dizer ‘Meu corpo, minhas regras'”, disse em referência à frase utilizada pelo movimento feminista.
Além da marcha realizada na capital mineira, Bolsonaro também convocou apoiadores para a marcha contra o aborto no Espaço Alternativo em Porto Velho, em Rondônia, às 16h da 5ª feira (12.out).
O ex-presidente e Michelle chegaram em Belo Horizonte na 6ª feira (6.out) e marcaram presença em uma série de eventos além da caminhada, como o encontro de Bolsonaro com o governador do Estado, Romeu Zema (Novo), e o evento do PL Mulher realizado no sábado (7.out).
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PAUTAS DO STF INCOMODAM OPOSIÇÃO
A marcha contra o aborto realizada pela direita é mais uma reação dos congressistas de oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aos julgamentos no Supremo.
Foram pautados temas que colocaram a Corte em oposição direta aos mais conservadores, como o marco temporal, a descriminalização do aborto e a descriminalização do porte de drogas.
Na maior parte dos casos, a oposição reagiu com medidas que iam de encontro às decisões do Supremo:
- oposição apresentou PEC para a retomada do marco temporal, mesmo com o STF tendo rejeitado a tese;
- plenário do Senado aprovou o projeto de lei que determina o marco temporal no mesmo dia em que a Corte definia uma nova tese, barrando o marco temporal;
- oposição apresentou PEC propondo a proibição do aborto;
- oposição protocolou pedido de plebiscito para discutir o aborto.
Por conta do embate entre a direita e o STF –movimento que sempre foi incentivado por Bolsonaro e suas críticas ao Supremo e aos magistrados durante a Presidência–, os congressistas, principalmente de oposição, têm tentado avançar com pautas que limitem os poderes dos ministros. Entenda mais aqui.