Ambipar cita "descoberta de irregularidades" e pede recuperação judicial, ação derrete

Publicado 21.10.2025, 05:56
Atualizado 21.10.2025, 11:28
© Ambipar

SÃO PAULO (Reuters) - A Ambipar anunciou na madrugada desta segunda-feira que entrou de fato com um pedido de recuperação judicial no Rio de Janeiro e nos Estados Unidos, citando que encontrou "irregularidades" em operações financeiras e após algumas semanas de pressão após buscar uma primeira medida de proteção da Justiça.

As ações da companhia, que chegou a dizer no final de setembro à Justiça do Rio de Janeiro que corria risco de se ver diante de vencimentos antecipados de R$10 bilhões em dívidas, abriram em queda de quase 14% e ampliavam a baixa para mais de 20%, valendo menos de cinquenta centavos de real.

A Ambipar, que vinha tentando se defender de cobrança de garantias adicionais do Deutsche Bank que ameaçavam a disparada de mecanismos de vencimento antecipado em contratos derivativos, disse que os pedidos de recuperação judicial ocorreram "após a descoberta de indícios de irregularidades" ligadas à "contratação de operações de swap pela diretoria financeira e a renúncia abrupta do antigo diretor financeiro".

A Ambipar é uma das maiores empresas latino-americanas de gestão de resíduos e de resposta a emergências ambientais. A companhia teve um crescimento acelerado nos últimos anos catapultada por cerca de 70 aquisições.

Segundo a companhia, a descoberta das irregularidades "resultou em forte abalo na confiança do mercado em relação ao Grupo Ambipar e culminou em pedidos de antecipação de vencimento de dívidas por parte de alguns credores, criando risco concreto de vencimento cruzado de outras obrigações do grupo".

Nos EUA, o pedido de recuperação judicial envolve apenas a Ambipar Emergency Response, uma das principais operações do grupo.

A companhia tem como controladores o fundador Tércio Borlenghi Junior (43,85%) e o fundo de investimento em participações Everest (23,83%).

Segundo relatório do UBS BB da véspera, a Ambipar opera duas divisões: uma unidade de resposta que fornece serviços de emergência e incidentes ambientais, onde a confiabilidade e a prontidão operacional são cruciais; e uma unidade ambiental baseada em contratos de gestão de longo prazo, onde os concorrentes poderiam usar esse momento para desafiar a posição de mercado e o poder de precificação da empresa.

Em 2023, 37% da receita líquida da Ambipar veio do Brasil e 48% da América do Norte, onde a empresa promoveu inúmeras aquisições. A empresa fez um IPO em 2020 sendo precificada a cerca de R$25 por ação. Na época, a companhia operava em 14 países e expandiu a operação para 40 após o IPO, segundo apresentação da companhia.

DIRETOR FINANCEIRO

As ações da Ambipar sofreram forte queda no final de setembro quando João de Arruda deixou o comando da diretoria financeira da empresa, sendo substituído por Ricardo Garcia, que acumulou estas funções com as de relações com investidores.

No pedido de recuperação judicial entregue à Justiça do Rio de Janeiro, a Ambipar também disse que já existe um inquérito criminal com o objetivo de apurar as condutas do antigo diretor financeiro e de seus associados. Procurado pela Reuters, representante de Arruda não se manifestou de imediato.

Nesses documentos, a Ambipar cita que foi "vítima de um ataque orquestrado, capitaneado por short sellers" por meio de aditivos a contratos de swap vinculados à emissão de centenas de milhões de dólares em "green bonds".

A Ambipar disse que contratou a FTI Consulting para realizar uma investigação, e pediu também penas e reparações civis pelos prejuízos causados.

O pedido de recuperação judicial da Ambipar é o segundo dos últimos anos envolvendo empresa de grande porte que acusa ex-executivos de irregularidades. Em 2023, a Americanas entrou com um dos maiores processos do tipo da história do país na Justiça do Rio de Janeiro, acusando a antiga diretoria de fraude contábil.

(Por Tiago Brandão em Gdansk e Alberto Alerigi Jr, com reportagem adicional de Luciana Magalhães, edição Michael Susin)

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