Investing.com – A varejista Lojas Americanas (BVMF:AMER3) divulga balanços referentes ao primeiro, segundo e terceiro trimestre de 2023 na próxima segunda-feira, 19, após o fechamento de mercado, com conferência com analistas marcada para terça, às 11h.
Os resultados serão recebidos com grandes dúvidas pelo mercado, que deverá examinar a capacidade da companhia de vender produtos com margem e que sejam referência na Americanas, segundo Sérgio Cachoeira, analista da Be RAP Research.
Cachoeira recorda que a varejista indicou ao final do ano passado que as lojas físicas que não contam com vendedores devem evitar disponibilizar produtos que normalmente necessitam de assistência de um vendedor para auxiliar os consumidores, tais como eletrodomésticos, notebooks e TVs de grande porte.
"A inclusão desses produtos nas lojas acarreta custos logísticos elevados e, quando não são vendidos e tornam-se obsoletos, precisam ser liquidados com margens de lucro baixas ou até mesmo negativas. Resta aguardar os resultados e verificar a capacidade de execução da companhia em um ambiente tão hostil", aponta o analista.
Crise contábil levou à revisão de balanços
O ano de 2023 foi de desafios para a varejista, após a descoberta, em janeiro de “inconsistências contábeis” que meses depois foram indicadas como fraude em seus balanços corporativos. Sérgio Rial, que era o CEO das Americanas na ocasião, renunciou após poucos dias a frente da companhia.
Em meio às investigações sobre o tema, a empresa entrou em recuperação judicial ainda em janeiro do ano passado, com plano aprovado somente em dezembro durante a Assembleia Geral de Credores, visando garantir que a empresa continuasse suas operações. Ainda, os provisionamentos necessários por parte de grandes bancos levaram à pressão em lucro e rentabilidade das instituições financeiras.
“A Americanas foi vítima de uma fraude sofisticada, baseada na manipulação dolosa de seus controles internos por parte de sua antiga gestão, o que tornou o refazimento das demonstrações financeiras extremamente desafiador, complexo e extenso, requerendo trabalho minucioso e rigoroso”, afirmou a empresa no seu último release de resultados, referente à atualização de dados de 2021 e 2022.
Entre os impactos diretos da fraude nos balanços anteriores, a empresa precisou reclassificar as operações de risco sacado, de capital de giro, reconhecer em contas de resultado encargos financeiros sobre e indevidas capitalizações de despesas. Práticas contábeis foram reavaliadas como a de contas a receber, revisão de riscos associados a contingências, das bases contratuais de aluguel, além do reconhecimento de contratos de parcerias.
Em 2021, após ajustes, a receita líquida precisou ser revisada para baixo em R$175 milhões, enquanto o resultado líquido passou de R$544 milhões para um prejuízo de R$6,2 bilhões.
Já o prejuízo líquido do exercício de 2022 totalizou R$12,9 bilhões, em meio a um fraco desempenho operacional, alta despesa financeira e lançamentos extraordinários. A receita líquida no ano somou R$25,8 bilhões.