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ANÁLISE-É prematuro projetar impacto do tombo do petróleo para Petrobras, mas cenário preocupa

Publicado 09.03.2020, 20:22
© Reuters. Plataforma de petróleo na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro
LCO
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PETR4
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Por Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Enquanto a Petrobras (SA:PETR4) avalia com cautela os eventuais impactos estruturais de uma queda abrupta do preço do petróleo no mercado de óleo e gás, analistas veem cenário desafiador para a petroleira estatal, caso os preços de sua principal commodity se mantenham em patamares inferiores ao previsto em seu plano de negócios.

As ações da petroleira fecharam com recuo de 29,7%, o maior declínio percentual diário para um fechamento, a 16,05 reais, mínima desde junho de 2018, na esteira do tombo do petróleo no exterior, onde as cotações chegaram a cair mais de 30% nesta segunda-feira.

Tal desempenho representou uma perda de cerca de 91 bilhões de reais no valor de mercado da petrolífera de controle estatal.

"A Petrobras avalia que ainda é prematuro fazer projeções sobre eventuais impactos estruturais no mercado de óleo e gás associados à recente e abrupta variação nos preços do petróleo, dado que ainda não está claro nem a intensidade ou mesmo a persistência do choque nos preços", disse a estatal em nota, após questionamento da Reuters.

O petróleo Brent fechou em queda de 24,1%, a 34,36 dólares o barril, após a Arábia Saudita ter sinalizado que elevará a produção para ganhar participação no mercado, bem como cortado preços oficiais de venda de petróleo.

A guerra aberta pela Arábia Saudita no front da produção de petróleo contra a Rússia chegou em um momento no qual o mercado ainda se mostra fragilizado pela rápida disseminação da epidemia do novo coronavírus pelo mundo e promovendo fortes ajustes poucas semanas após renovarem máximas.

CENÁRIO DE INCERTEZAS

Assim como a Petrobras, especialistas do mercado avaliaram ser necessário aguardar desdobramentos internacionais para entender se o petróleo irá permanecer em um patamar mais baixo. No entanto, reconhecem que o atual cenário representa um desafio para a petroleira, que vem se recuperando de uma profunda crise financeira.

"É difícil prever isso em um dia só, mas evidentemente o que acontece em momentos como esses é --caso persista patamar menor de preços-- vai gerar uma revisão das estratégias, dos planos de negócios de todas as empresas, inclusive da própria Petrobras. Todo mundo vai ter que revisar portfólio", afirmou o ex-diretor da agência reguladora ANP Helder Queiroz.

No atual plano de negócios da Petrobras, a petroleira considera preços de 50 dólares por barril entre 2020 e 2024 e 45 dólares no longo prazo.

Queiroz, que também é professor da UFRJ, destacou ainda que um preço mais baixo do petróleo poderá prejudicar o bilionário plano de venda de ativos da petroleira estatal. "Os compradores vão pensar duas vezes antes de comprar alguma coisa", afirmou.

Rivaldo Moreira Neto, presidente da consultoria Gas Energy, ressaltou que o cenário desta segunda-feira encontra uma Petrobras diferente do que encontraria há dois anos, pois a empresa teve uma mudança de gestão nos últimos anos e vem recuperando a credibilidade.

"A Petrobras conseguiria hoje, com muito mais capacidade, sobreviver a um período de preços de petróleo mais baixos, justamente porque hoje ela é muito mais saudável", afirmou.

No entanto, Moreira Neto frisou que, se os preços permanecerem em um patamar de 30 dólares/barril, a Petrobras precisará ser "extremamente seletiva com novos projetos e muito cuidadosa com custos".

"Em um primeiro momento esse choque traz todo mundo para mesa para entender os cenários, mas só passa a trazer decisões estruturantes se esse cenário de preços começa a amadurecer e indicar que permanece. Em um primeiro momento, é muito mais choque de incertezas do que de decisões", afirmou.

Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro Infraestrutura (CBIE), ponderou ainda que a petroleira ainda "está longe" de ter resolvido seus problemas financeiros.

"Ainda tem dívida muito elevada. Por isso, tem que continuar a cortar custos, investir no que tem retorno, disciplina de capital, preços alinhados internacionalmente e desinvestimento. É uma empresa que está longe de ser saudável, mas está no caminho", afirmou.

"A combinação de dólar alto e Brent em queda é ruim para a empresa. A dívida explode e a receita muito dolarizada sofre um tombo. Mas ainda é cedo para falar em mudança de rumos. Tem que ver qual vai ser o novo patamar de preço."

PREÇOS NOS POSTOS

A forte retração do petróleo no mercado internacional, no entanto, levará à redução de preços dos combustíveis nas refinarias da Petrobras, disse uma fonte da empresa com conhecimento do assunto, sem detalhar.

"Claro que teremos redução de preços (da gasolina e do diesel)", disse a fonte, que falou sob a condição de anonimato.

Impactos do corte de preços sobre a estatal foram minimizados pela fonte, que disse que a Petrobras fez "muito dever de casa" e está "resiliente" para um cenário de preços menores.

© Reuters. Plataforma de petróleo na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro

A Petrobras afirmou, por meio de comunicado, que "segue com seu plano estratégico que prepara a companhia para atuar com resiliência em cenários de preços baixos".

(Reportagem adicional de Paula Laier)

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