DUBAI (Reuters) - Os crescentes ataques do grupo militante iemenita Houthi, alinhado ao Irã, contra navios no Mar Vermelho estão abalando o comércio marítimo, com as principais empresas globais de frete desviando para a rota em torno do Cabo da Boa Esperança para evitar o Canal de Suez.
O grupo disse que lançou um ataque de drone contra um navio de carga na área nesta segunda-feira, o mais recente de uma série de ataques com mísseis e drones contra navios que, segundo ele, são uma resposta ao ataque de Israel à Faixa de Gaza.
Várias das principais empresas de frete, incluindo a MSC, começaram a navegar pela África, aumentando os custos e os atrasos que devem se agravar nas próximas semanas, de acordo com analistas do setor. Cerca de 15% do tráfego marítimo mundial passa pelo Canal de Suez, a rota marítima mais curta entre a Europa e a Ásia.
Juntas, as empresas que desviaram as embarcações "controlam cerca de metade do mercado global de transporte de contêineres", disse à Reuters Albert Jan Swart, analista do ABN Amro. "Evitar o Mar Vermelho levará a um custo mais alto devido ao maior tempo de viagem", afirmou Swart.
A grande empresa petrolífera BP também suspendeu temporariamente todos os trânsitos pelo Mar Vermelho, um sinal de que a crise -- que até agora afetou principalmente o frete de mercadorias -- pode se estender para incluir as entregas de energia. Os preços do petróleo subiram devido a essas preocupações na segunda-feira.
Os ataques do grupo Houthi também forçaram as empresas a repensar suas conexões com Israel, com a Evergreen Marine, de Taiwan, dizendo na segunda-feira que havia decidido parar temporariamente de aceitar cargas israelenses.
"Para a segurança dos navios e da tripulação, a Evergreen Line decidiu interromper temporariamente a aceitação de cargas israelenses com efeito imediato e instruiu seus navios porta-contêineres a suspender a navegação pelo Mar Vermelho até segunda ordem", afirmou em um comunicado.
A guerra entre Israel e o Hamas, que começou em 7 de outubro, tem provocado abalos na região e atraiu os Estados Unidos e seus aliados de um lado e grupos paramilitares apoiados pelo Irã no Oriente Médio do outro, ameaçando causar um conflito mais amplo.
Os ataques a navios levaram os Estados Unidos e seus aliados a discutir uma força-tarefa para proteger as rotas do Mar Vermelho, uma medida que Teerã, rival dos EUA e de Israel, advertiu que seria um erro.
(Reportagem de Toby Sterling, Phillip Stewart, Jacob Gronholt-Pedersen, Ben Blanchard, Alexander Cornwell, Helen Reid, Jonathan Saul, Josephine Mason)