Por Huw Jones
LONDRES (Reuters) - Os bancos devem suspender o pagamento de dividendos em 2020 para preservar capital e continuar emprestando a empresas e famílias até que o impacto da pandemia de coronavírus seja mais claro, disse a Federação Bancária Europeia (EBF).
A EBF disse que o setor bancário europeu permanece "totalmente comprometido" em ajudar empresas e famílias a lidar com as consequências da crise de saúde e que priorizará a solvência para poder financiar a economia.
A maioria dos bancos reconhece que o pagamento de dividendos para 2020 é improvável. No entanto, muitos têm receio de suspender o pagamento de 2019 que já haviam dito aos investidores que pagariam, criando um potencial conflito se os governos tentarem pressioná-los.
"É a forte visão da Federação Bancária Europeia de que qualquer decisão de um banco listado de reter seus dividendos de 2019 nesta fase precisa levar em conta a percepção dos investidores sobre a solvência do setor bancário europeu e as expectativas dos acionistas", disse a EBF em carta enviada à principal reguladora bancária do Banco Central Europeu, Andrea Enria, na quinta-feira.
"Os bancos devem ser prudentes ao decidir sobre dividendos e ter uma visão prospectiva dos riscos para evitar uma situação em que as necessidades de capital possam surgir", disse uma porta-voz do BCE nesta sexta-feira.
"Para 2020, o EBF acredita que os bancos listados não devem acumular dividendos ou realizar recompras de ações, a fim de manter a máxima preservação de capital e os conselhos dos bancos decidirão sobre a política de dividendos e quaisquer valores de distribuição no final do ano", afirmou.
O BCE está permitindo que os bancos usem parte de seu capital para garantir que continuem emprestando dinheiro durante a epidemia e disse que não devem usá-lo para aumentar dividendos ou bônus.