O Barclays (LON:BARC) informou nesta segunda-feira que estava recomprando uma série de notas estruturadas, com um prejuízo de cerca de 450 milhões de libras (US$ 591 milhões), após vender esses papéis em demasia. Notas estruturadas são um tipo de instrumento de dívida ligado a uma referência subjacente, como o índice S&P 500 ou o petróleo. O banco havia registrado na Securities and Exchange Commission (SEC) que venderia até US$ 20,8 bilhões dessas notas, mas superou o limite em US$ 15,2 bilhões, informou a própria empresa.
O Barclays diz que realiza uma revisão sobre o assunto. Os reguladores também estão "conduzindo apurações e fazendo pedidos de informação", afirmou. Como resultado, o banco atrasará o início de seu programa de recompra de ações de 1 bilhão de libras para o segundo trimestre. Nesta segunda-feira, a ação do Barclays recuou 4,08% em Londres.
O banco é conhecido por seus grandes negócios em renda fixa, por isso o erro é especialmente surpreendente. Analistas e investidores demonstraram surpresa com o anúncio. "Parece um erro operacional ou legal", disse Jerom Legras, sócio gerente da Axiom Alternative Investments, um fundo especializado em dívida bancária. "É difícil acreditar que eles fariam algo tão estúpido. Esta é honestamente a primeira vez que ouvi algo do tipo."
O Barclays superou o limite do que é conhecido como "registro de prateleira", no qual um emissor pode parcelar a venda de um grupo de bônus, sem buscar aprovação regulatória a cada uma dessas operações. O limite é em geral delineado antes do tempo no prospecto do bônus e pode ser estendido. "Neste caso, parece que eles esqueceram de estender este limite", explica Legras.
Os detentores das notas estruturadas incluem indivíduos privados e fundos. O banco terá de comprar as notas pelo preço original de venda. A perda estimada indica que um montante substancial desses papéis estão neste momento sendo negociados abaixo desse nível, e a conta do Barclays já inclui isenções tributárias associadas com o prejuízo.