SÃO PAULO (Reuters) - A sinalização de aumento dos dividendos do Banco do Brasil (SA:BBAS3) foi insuficiente para agradar investidores nesta quinta-feira, uma vez que o resultado do primeiro trimestre trouxe preocupações sobre itens como a qualidade da carteira.
Em entrevista coletiva, o presidente-executivo do BB, Paulo Caffarelli, atribuiu a decisão de elevar, de 25 para 40 por cento neste ano, o percentual do lucro que será distribuído aos acionistas na forma de dividendos ao entendimento de que o esforço para reforçar o capital já foi alcançado.
"Está na hora de recompensar nossos acionistas", afirmou.
No entanto, analistas do setor deram mais atenção a pontos do balanço que viram com preocupação. Um deles tem a ver com uma possível interrupção na queda da inadimplência.
No balanço, o BB reportou a quarta queda sequencial consecutiva do índice de atrasos acima de 90 dias. O volume de provisões para perdas esperadas com inadimplência também caiu.
No entanto, o New NPL, uma espécie de indicador antecedente da inadimplência futura, subiu pelo segundo trimestre na base sequencial.
"A qualidade da carteira mostrou tendências mistas", resumiu o analista do Itaú BBA Thiago Batista, em relatório a clientes.
Também em relatório, Henara Matache, do Brasil Plural (SA:BPFF11), pontuou que, embora o lucro tenham crescido 20 por cento contra um ano antes, com impulso das provisões e das despesas administrativas, a queda da margem líquida de juros foi maior do que a esperada.
"Esse esforço para gerar receitas a partir de ativos que rendem juros deve pesar sobre a capacidade do BB de impulsionar o crescimento dos lucros, a menos que o banco continue reduzindo o custo do crédito e das despesas nos próximos trimestres", afirmou Matache.
Às 13:57, a ação do BB na bolsa paulista tinha queda de 3,27 por cento, enquanto o Ibovespa subia 1,85 por cento.
IMPASSE
Caffarelli disse na coletiva que o BB vai se manter próximo de grandes devedores, mas sem fazer concessões exageradas.
"Não vamos abrir mão da boa prática bancária nas negociações com grandes clientes", disse Caffarelli a jornalistas após ser perguntado sobre a postura do BB em relação às corporações inadimplentes.
A declaração vem em meio a negociações de bancos com a Odebrecht, após a Odebrecht Engenharia e Construção ter perdido no fim de abril o prazo para pagar uma dívida de 500 milhões de reais e agora está no período de carência.
(Por Aluísio Alves)