Investing.com – O Bradesco (BVMF:BBDC4) divulgou os resultados do quarto trimestre do ano passado nesta quarta-feira, 07, pela manhã, com lucros abaixo do esperado por analistas e dados afetados por despesas com provisões elevadas. Em repercussão, as ações preferenciais despencavam durante a manhã, com uma queda de 10% às 11h11 (de Brasília), a R$14,95.
Segundo a Guide Investimentos, o resultado foi negativamente afetado por despesas com provisões “bastante elevadas e crescentes, além de despesas gerais e administrativas também elevadas”. A Guide menciona ainda a estagnação da receita de serviços, com exceção do setor de seguros, que teria melhores tendências.
A EQI Investimentos também considerou os dados como fracos, além de uma margem financeira com clientes ruim, que seria a principal fonte de receita do banco, e despesas operacionais subindo acima da inflação. “De todo modo, está claro que 2024 será um ano de transição e não devemos esperar uma recuperação muito rápida de resultados operacionais e retornos neste início de ano”, afirma a EQI.
Dados trimestrais abaixo do esperado
O lucro líquido recorrente do Bradesco atingiu R$2,878 bilhões nos últimos três meses do ano, uma expansão anual de 80,4%, mas uma diminuição de 37,7% em relação aos três meses imediatamente anteriores. No ano, o lucro somou R$16,3 bilhões em 2023, retração de 21,2%, que teria sido motivada pelas despesas com provisões e queda da margem financeira com clientes. O Índice de Basileia foi de 13,2%, uma elevação de 0,8 ponto percentual ao ano.
A margem financeira e a receita de prestação de serviços e despesas operacionais pioraram nas duas comparações, trimestrais e anuais. De acordo com o Bradesco, a contração da margem financeira com clientes reflete a diminuição da originação de crédito e a mudança de mix, mas a expectativa do banco é de uma recuperação com o aumento da originação em curso, ainda que uma melhora mais expressiva só deve ser percebida no segundo semestre deste ano.
Inadimplência
A carteira de crédito expandida e a inadimplência de 15 a 90 dias apresentaram estabilidade trimestral. A inadimplência acima de 90 dias do Bradesco atingiu 5,1% entre outubro e dezembro do ano passado, uma melhora trimestral de 0,5 ponto percentual. Analistas da Guide e EQI Investimentos mencionam as tendências para a inadimplência como favoráveis. “Do lado positivo, a inadimplência do Bradesco começou a dar sinais mais claros de melhora, o que deve impactar positivamente os próximos resultados”, pondera a Guide.
Segundo o Bradesco, a inadimplência acima de 90 dias chegar no seu pico em junho e iniciou uma trajetória gradual de queda desde lá. A expectativa do banco é de que a tendência siga neste ano. “Por conta disso, o custo de crédito ainda foi elevado em 2023, mas já deve mostrar melhora gradual nesse ano e nos próximos”, apontou o Bradesco.
Guidance
Além do balanço, o Bradesco apresentou suas projeções para o ano de 2024. O banco estima um crescimento na carteira de crédito expandida entre 7% e 11%, da margem financeira total entre 3% e 7% e da receita de prestação de serviços entre 2% e 6%. As despesas operacionais devem subir entre 5% e 9%, enquanto o resultado das operações de seguros, previdência e capitalização tende a uma alta de 4% a 8%, no entendimento do banco. A Provisão para Devedores Duvidosos (PDD) expandida deve somar de R$35 bilhões a R$39 bilhões.
O Bradesco menciona um 2023 desafiador, mas pondera que ajustes implementados começam a mostrar efeitos positivos. “Acreditamos em uma trajetória de recuperação da rentabilidade ao longo do tempo, com sinais mais evidentes a partir de 2025”, conclui o banco em seu release de resultados.