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Por Leticia Fucuchima
SÃO PAULO (Reuters) - Um leilão realizado nesta sexta-feira garantiu a contratação de pelo menos R$5,5 bilhões em investimentos em pequenas e médias usinas hidrelétricas no Brasil, em iniciativa que foi classificada pelo governo como a "retomada" do crescimento da fonte energética, enquanto o país avalia a possibilidade de construção de novos grandes empreendimentos.
O primeiro certame exclusivo para contratação de energia de pequenas e médias hidrelétricas negociou 815 megawatts (MW) de potência em 65 usinas de até 50 MW de capacidade instalada, localizadas nos submercados Sul, Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste.
Os novos projetos e ampliações de usinas existentes devem exigir cerca de R$5,5 bilhões em investimentos, segundo dados divulgados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), que consideram os valores de aportes estimados pelos próprios empreendedores no cadastramento dos projetos.
Mas o Ministério de Minas e Energia estimou que os investimentos poderão ser ainda maiores, chegando à casa dos R$8 bilhões.
Em evento em Brasília para comemorar o certame, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que a retomada da contratação de usinas hidrelétricas para atender à demanda de energia do mercado regulado é um "passo fundamental" para a transição energética.
Silveira afirmou que essas usinas "causam menor impacto ambiental e podem atuar como baterias no sistema elétrico", já que são despacháveis e conferem estabilidade frente às fontes intermitentes eólica e solar.
O ministro ressaltou que o governo continuará realizando leilões específicos para as pequenas e médias hidrelétricas, conforme medida provisória que definiu uma contratação obrigatória de 3 GW na fonte, e lembrou que as grandes hidrelétricas terão oportunidades de expansão no futuro leilão de reserva de capacidade.
Silveira afirmou ainda que tem conversado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a possibilidade de avançar com novas obras de hidrelétricas de grande porte, depois que o Brasil assinou uma cooperação com a Bolívia para aproveitar o potencial do Rio Madeira.
"Falei com o presidente Lula, na ida para o Acre e para Rondônia, sobre a importância de enfrentarmos esse debate. E a ideia é, garanto, avançar."
"Quem sabe uma nova binacional a caminho, repetindo o sucesso de Itaipu", acrescentou o ministro.
O Brasil deixou de construir novas hidrelétricas de grande porte após Belo Monte, projeto considerado controverso por seus impactos ambientais na Amazônia e às comunidades tradicionais e indígenas locais. A usina a fio d’água (sem reservatório) no rio Xingu consumiu investimentos bilionários e foi totalmente finalizada em 2019.
LEILÃO DE PCHS
Os contratos de pequenas hidrelétricasleiloados nesta sexta-feira para atender a demanda de distribuidoras de energia tiveram um preço médio de R$392,84 por megawatt-hora (MWh), um deságio de 3,16% ante o preço inicial estabelecido.
Com o deságio, os consumidores terão um benefício de R$864,8 milhões nas contas de luz, afirmou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A demanda total do leilão, de 815 MW, surpreendeu as expectativas, uma vez que, em geral, as distribuidoras de energia têm visto um encolhimento de seu mercado em função da abertura do mercado livre a cada vez mais consumidores e também do avanço da geração distribuída solar.
Em coletiva de imprensa, a diretora da Aneel, Agnes da Costa, avaliou que o resultado da demanda mostra que as concessionárias estão olhando para o futuro com "algum otimismo, alguma expectativa de crescimento".
Na ponta compradora, a principal distribuidora a adquirir energia no certame foi a Amazonas Energia, que deverá ter seu controle assumido pela Âmbar, do grupo J&F. Também compraram energia no leilão distribuidoras da Neoenergia (BVMF:NEOE3) (Celpe (BVMF:CEPE5), Coelba (BVMF:CEEB3) e Cosern (BVMF:CSRN3)), Enel (BIT:ENEI) (Eletropaulo (BVMF:ELPL3) e Coelce (BVMF:COCE5)), Energisa (BVMF:ENGI11) (Paraíba e Tocantins) e Light (BVMF:LIGT3).
Os empreendimentos, contratados por 20 anos, deverão iniciar o suprimento de energia em janeiro de 2030.
(Por Letícia Fucuchima)