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Com dívida de R$43 bi, Justiça do RJ aceita pedido de recuperação da Americanas

Publicado 19.01.2023, 14:11
Atualizado 19.01.2023, 19:30
© Americanas - Divulgação própria

© Americanas - Divulgação própria

Por Aluisio Alves

SÃO PAULO (Reuters) -A Justiça do Rio de Janeiro aceitou pedido de recuperação judicial da Americanas apresentado nesta quinta-feira e que cita dívidas de cerca de 43 bilhões de reais. O pedido foi feito oito dias após a empresa ter revelado um rombo contábil de 20 bilhões de reais, em um dos maiores escândalos corporativos da história do Brasil.

No documento encaminhado à 4ª Vara Empresarial do Estado do Rio de Janeiro, a varejista citou a piora nas conversas com credores e fornecedores, a consequente redução posição de caixa e a necessidade de manter a operação como motivos para o pedido, o quarto maior da história no país.

O pedido de recuperação judicial inclui as empresas B2W (BVMF:AMER3), JSM Global e ST Importações, deixando de fora a fintech Ame, que vinha recebendo forte impulso do ecossistema de lojas físicas e online do grupo.

Os acionistas de referência pretendem manter a liquidez da companhia em patamares que permitam o bom funcionamento da operação, afirmou a Americanas, que pediu ainda à Justiça aval para capitalizar a Ame, por considerá-la "um dos maiores vetores de renda do grupo".

A recuperação judicial foi precipitada por uma batalha judicial desde a última sexta-feira, quando a Americanas obteve proteção de 30 dias contra credores, dois dias após ter feito o tumultuado anúncio de "inconsistências contábeis" de 20 bilhões de reais e consequente renúncia dos seus dois principais executivos, após poucos dias no cargo.

Credores, incluindo BTG Pactual (BVMF:BPAC11) e Bradesco (BVMF:BBDC4), buscaram reverter a decisão, esvaziando o caixa da Americanas, cujo breve presidente-executivo Sergio Rial disse ao renunciar na semana passada que era de 7,8 bilhões de reais.

Sem citar nomes, a varejista afirmou no pedido à Justiça que "alguns poucos credores, sem pensar nos impactos para a coletividade, tomaram medidas precipitadas que culminaram no perigoso esvaziamento do caixa da companhia e, consequentemente, inviabilizaram a sua operação a curto prazo".

Como resultado do anúncio desta quinta, a ação da Americanas mergulhou 42,5%, para 1 real, colocando seu valor de mercado em cerca de 902 milhões de reais, menos de 10% do que valia antes do malfadado anúncio da semana passada, que também levou as agências de rating Fitch e S&P a colocarem a classificação da nota de crédito da companhia na categoria 'lixo'. A B3 (BVMF:B3SA3) anunciou nesta quinta-feira a exclusão do papel de todos os índices, incluindo o de referência da bolsa, Ibovespa.

O pedido de recuperação judicial põe Americanas, com cerca de 40 mil empregados e 3.600 lojas físicas, entre as maiores 'RJs' do país. O grupo das maiores operações do tipo no país inclui Odebrecht, com 98,5 bilhões de reais em dívidas em 2019; Oi (BVMF:OIBR3), com 65,4 bilhões em 2016; e Samarco (50 bilhões de reais) em 2021.

GUERRA JUDICIAL

Após o fechamento do mercado acionário, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) anunciou a criação de uma força tarefa para investigar o escândalo, criando um canal de denúncias anônimas envolvendo a Americanas.

Na CVM já há pelo menos sete processos de investigação envolvendo Americanas, PwC, agências de classificação de risco e acionistas de referência.

Além disso, um grupo de investidores pediu arbitragem coletiva contra a Americanas e a 3G Capital, buscando indenização de 500 milhões de reais, segundo documento visto pela Reuters nesta quinta-feira.

O grupo de investidores, Instituto Ibero-americano da Empresa, fez o pedido à Câmara do Mercado da B3. A entidade afirma que os problemas contábeis da Americanas que remontam há anos mascararam o real preço da ação da companhia, levando os investidores a erro.

Representantes da Americanas e da 3G Capital não comentaram o assunto.

Na semana passada, a Abradin, associação que reúne minoritários de empresas de capital aberto, apresentou denúncia à CVM pedindo investigação sobre a PwC e a Americanas, considerando que a crise foi criada por uma fraude.

MANCHAS

O caso Americanas lança sombras sobre a reputação de empresários, executivos, auditores e sobre a capacidade de reguladores e outros entes do mercado de evitarem fraudes e outros escândalos contábeis.

Um dos principais alvos de críticas é a PwC. Além da Americanas, a companhia também era auditora independente da resseguradora IRB Brasil (BVMF:IRBR3), protagonista de um escândalo contábil em 2020; da Odebrecht e da Petrobras (BVMF:PETR4), peças centrais de um megaescândalo desvendado pela Lava Jato.

O episódio também resvala sobre o lendário grupo de investidores brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, fundadores da 3G Capital, e que além de serem acionistas de referência da Americanas, controlam Ambev (BVMF:ABEV3); Kraft Heinz; e Zamp, nome oficial da Burger King (BVMF:ZAMP3) no Brasil. A 3G Capital não é acionista direta da Americanas.

Desde o anúncio do escândalo contábil na semana passada, investidores têm se mostrado preocupados com possibilidade de contágio dos problemas da Americanas nas outras empresas investidas pelo trio.

Porém, o analista Mateus Pazin Haag, da Guide Investimentos, afirmou que apesar das ações da Ambev terem sofrido com a crise da Americanas, os riscos da cervejaria apresentar o mesmo problema contábil da varejista ou de seus controladores venderem ações da empresa são baixos. As ações da Ambev encerraram o dia em queda de 1% ante alta de 0,6% do Ibovespa.

(Com reportagem adicional de Paula Arend Laier e Carolina Pulice, edição Alberto Alerigi Jr.)

Últimos comentários

Agora façam meu pix meu gado! Preciso gastar aqui nos States e não tenho mais cartão corporativo TACERTO! hahahaha
E os acionistas vai ser igual a petrobras? Só os gringos receberam indenização? Hahahaha com certeza SIM!
pwc zuado. Brasil leis fracas.
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