SÃO PAULO (Reuters) - A Ford anunciou nesta terça-feira que fez acordo com metalúrgicos da fábrica que vai fechar em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo, até o final deste ano. Os termos incluem plano de demissão incentivada e possível antecipação de encerramento das atividades de produção.
A montadora norte-americana anunciou mais cedo neste ano que decidiu sair do mercado de caminhões e que por isso fechará a fábrica na região do ABC após não encontrar comprador interessado no ativo.
Segundo a Ford, o acordo foi acertado por acordo coletivo definido em conjunto como Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A empresa não informou o número de trabalhadores que poderá ser atingido pela medida. Quando a Ford anunciou o plano em fevereiro para fechar a fábrica, a unidade empregava cerca de 3 mil funcionários.
"A compensação financeira oferecida pela Ford será definida com base na combinação de condições empregatícias (mensalistas e horistas), tempo de trabalho e eventual contratação do funcionário por um potencial comprador da unidade de São Bernardo do Campo", afirmou a montadora sem dar mais detalhes.
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC disse que a compensação aos trabalhadores de linha de produção que aderirem ao plano de demissão tem como base índices que variam de 1,5 a 2 salários por ano trabalhado, com estabelecimento de um valor mínimo.
O metalúrgico que participar do processo de seleção e for contratado pelo novo grupo que vier a adquirir a fábrica, poderá receber 1,5 salário por ano trabalhado. Quem não for contratado ou decidir sair em definitivo da fábrica receberá índice de dois salários. Caso a fábrica acabe não encontrando comprador, vale o índice de 2 salários aos funcionários, afirmou a entidade.
Já os funcionários administrativos receberão pacotes com base em 0,75 e 1 salário por ano trabalhado. Estes trabalhadores poderão ficar na unidade até março de 2020, afirmou o sindicato.
"Nosso objetivo agora é garantir a manutenção da fábrica com novos proprietários, e que ela continue fabricando caminhões. As negociações estão acontecendo e nós vamos discutir com eles, no momento certo, as condições de trabalho daqueles que serão admitidos por esse novo patrão", afirmou em comunicado à imprensa o presidente do sindicato, Wagner Santana.
Sobre a venda da fábrica em São Bernardo do Campo, a Ford afirmou que "as conversas com potenciais compradores continuam e reafirma seu compromisso em realizar todos os esforços possíveis para obter um resultado positivo".
Além da fábrica no ABC, a Ford tem uma montadora de carros em Camaçari (BA). A empresa anunciou no começo do mês um programa de demissão voluntária na unidade baiana, onde identificou excedente de cerca de 700 empregados.