Por Gabriel Codas
Investing.com - Nos primeiros negócios desta quarta-feira, as ações da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN (SA:CSNA3)) lideram os ganhos do Ibovespa, depois da divulgação do balanço do segundo trimestre de 2020. A siderúrgica reportou lucro líquido de R$ 446 milhões no segundo trimestre, ante prejuízo de R$ 1,3 bilhão um ano antes, em um resultado impulsionado por preços maiores de aço e efeitos financeiros.
O lucro líquido ficou acima do consenso do mercado. A mediana dos analistas era prejuízo líquido de R$ 1,19 bilhão, de acordo com a Refinitiv.
Com isso, por volta das 10h27, os papéis disparavam 9,84% a R$ 13,52, próximo a máxima da sessão de R$ 13,57. O Ibovespa avançava 0,88% a 105.025 pontos.
Apesar disso, a empresa encerrou o trimestre com um aumento na alavancagem financeira, que passou a 5,17 vezes, medida pela relação dívida líquida sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado. Nos três primeiros meses de 2020, a relação tinha sido de 4,78 vezes.
A companhia teve Ebitda ajustado de 1,925 bilhão de reais no segundo trimestre, redução de 19% sobre o desempenho de um ano antes. A companhia teve queda de 14% nas vendas de aço e de 24% nas exportações de minério de ferro, diante dos efeitos da pandemia de Covid-19.
Com isso, a receita líquida recuou 10%, a 6,22 bilhões de reais no trimestre.
Visão dos analistas
O BTG Pactual (SA:BPAC11) destacou que o ritmo de desalavancagem da CSN tem sido decepcionante nos últimos trimestres. Os fundamentos do minério de ferro continuam apontando na direção certa, com preços fortes e fraqueza do real. No entanto, a contribuição do aço deve ser impactada em 2020 (novamente) e, consequentemente, dificultar os planos de desalavancagem da empresa.
Os analisas enxergam a negociação da CSN em 6,7x EV / EBITDA 2020, que é um prêmio significativo para a Vale (SA:VALE3). A recomendação segue neutra.
A XP Investimentos considera o resultado da CSN como forte, chamando a atenção para o EBITDA consolidado em R$1,925 bilhão, 11% acima do esperado e 3% acima do consenso.
Os analistas destacam que a empresa lançou seu novo guidance para alavancagem: 3,75x e 3,00x para o final de 2020 e 2021, respectivamente. Eles enxergam o perfil atual da dívida como o principal fator de risco, aguardando desinvestimentos para uma melhora do balanço patrimonial.
A equipe reitera a recomendação de Compra (preço-alvo de R$14 por ação) com preços fortes de minério de ferro e recuperação de volumes de minério de ferro e aço no segundo semestre. Clique aqui para acessar o relatório completo.
A avaliação da Mirae Asset é que o resultado operacional e o lucro líquido ficaram acima da expectativa de mercado. Para os 3T20 e para o restante de 2020, a equipe segue otimista com a expectativa de recuperação de demanda de aço e no preço e para o minério de ferro, esperando menores custos e maiores margens, o que deverá ocorrer também com a siderurgia.
Balanço
Mas a última linha do balanço recebeu impulso do resultado financeiro positivo de 285 milhões de reais, ante desempenho negativo de 358 milhões um ano antes, fruto de valorização das ações que detém na rival Usiminas (SA:USIM5), “que gerou ganho sem efeito caixa de 523 milhões de reais, bem como receitas financeiras oriundas de créditos indenizatórios”, afirmou a CSN.
A empresa divulgou projeções aos investidores, afirmando que vai chegar até ao fim de 2020 com uma alavancagem de 3,75 vezes e que a conta vai cair para 3 vezes até o fim de 2021.
A alavancagem avançou, apesar de a empresa ter acertado no período acordos de rolagem de dívida de 1,7 bilhão de reais com Banco do Brasil (SA:BBAS3) e Caixa Econômica Federal. A CSN também afirmou no balanço que deve concluir no terceiro trimestre renegociações com bancos privados.
Com isso, o cronograma de amortização de dívida da CSN passou a ser de 1,5 bilhão de reais este ano, 3,9 bilhões em 2021, 5,3 bilhões em 2022 e de 8,5 bilhões em 2023.
A agência de classificação de risco S&P manteve perspectiva negativa para a CSN, citando que a alavancagem da empresa “seguirá acima de 6 vezes nos próximos anos, e uma desalavancagem mais estrutural, com redução da dívida bruta, dependeria da venda de ativos”, algo que a administração da empresa tem prometido há anos.
No fato relevante sobre a projeção de endividamento, a CSN não deu detalhes sobre como se dará a redução da alavancagem este ano e em 2021.