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Desembolso para programa de renovação de canaviais despenca, mas BNDES vê melhora

Publicado 19.10.2018, 15:05
© Reuters. Colheitadeira em lavoura de cana-de-açúcar em Ribeirão Preto, no Estado de São Paulo

Por José Roberto Gomes

SÃO PAULO (Reuters) - Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o Prorenova despencaram e caminham para fechar o ano abaixo do registrado em 2017, refletindo a crise do setor sucroenergético, embora a instituição já vislumbre uma melhora após modificações na linha de financiamento para renovação de canaviais.

Um menor investimento nas plantações pode impactar a produtividade da próxima safra, cujo início oficial é em abril, eventualmente colaborando para diminuir a disponibilidade de matéria-prima para fabricação de açúcar e etanol no Brasil, o maior produtor global de cana-de-açúcar.

À Reuters, o banco informou que os desembolsos no primeiro semestre somaram apenas 25 milhões de reais, queda de 82 por cento na comparação anual. A primeira metade do ano geralmente concentra as operações, o que leva o BNDES a apostar em um resultado total para 2018 aquém dos 234 milhões de reais computados em 2017.

"O número deve crescer ainda, mas não deve superar o do ano passado", disse o gerente setorial do Departamento do Complexo Agroalimentar e Biocombustíveis do BNDES, Artur Yabe Milanez.

Apesar de o banco considerar os desembolsos por ano civil, o Prorenova segue o calendário de ano-safra (julho a junho), em linha com o Plano Safra montado anualmente pelo Ministério da Agricultura. Tanto no ciclo anterior quanto no atual, a disponibilidade de recursos é de 1,5 bilhão de reais.

O volume efetivamente repassado pelo BNDES vem caindo há alguns anos. Em 2015, somou 554 milhões de reais, enquanto em 2016, 296 milhões. Desde que foi lançado, em 2012, o Prorenova já desembolsou quase 5 bilhões de reais e viabilizou o plantio de mais de 1,5 milhão de hectares de canaviais, segundo o banco.

A retração nos desembolsos se segue a anos de dificuldades financeiras no setor sucroenergético brasileiro.

Recentemente atingida pela queda das cotações internacionais do açúcar, a indústria encarou controle de preços da gasolina em governos anteriores, com impacto negativo na produção de etanol, o que resultou em dezenas de usinas fechadas e no envelhecimento das plantações.

   

RECUPERAÇÃO

O BNDES já prevê uma melhora nesse cenário, com indústrias se recuperando e tendo no radar o RenovaBio, a nova política nacional de biocombustíveis. Fora isso, mudanças no Prorenova também respondem por essa avaliação.

"Fizemos alterações para catapultar não só as operações diretas, mas também as indiretas, com agentes financeiros. Imaginamos que a partir de outubro, novembro, esses agentes passarão a encaminhar operações do Prorenova para o BNDES", disse o chefe do Departamento de Canais de Distribuição e Parcerias do banco, Caio Araújo.

Conforme ele, há 277 milhões de reais em operações do Prorenova protocoladas no BNDES, com os recursos saindo futuramente.

Neste ano, o prazo de pagamento do Prorenova subiu para sete anos, de seis anteriormente, com o limite de financiamento passando para 80 por cento do valor do plantio por hectare, versus 60 por cento no programa anterior.

Outra alteração importante foi a condição de operações diretas com o BNDES. "Antes as condições eram menos favoráveis para o intermédio. O que a gente fez foi aumentar a remuneração do agente financeiro", disse Araújo.

O setor sucroenergético brasileiro vê como positivas as mudanças, mas diz que as dificuldades financeiras impedem, de fato, uma tomada maior de recursos.

"Evidentemente, as empresas com dificuldades de operar com os bancos também terão dificuldades de operar diretamente com o BNDES. No entanto, as empresas têm se manifestado positivamente com as alterações efetuadas", afirmou o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues.

© Reuters. Colheitadeira em lavoura de cana-de-açúcar em Ribeirão Preto, no Estado de São Paulo

A entidade é a principal associação do segmento no centro-sul, região que responde por mais de 90 por cento do processamento anual de cana no país.

(Por José Roberto Gomes)

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