O dólar corrigiu algumas perdas no pregão desta sexta-feira, 31, com certa realização de lucros no euro, mas registrou queda superior a 4% em julho, pressionado por dúvidas sobre a recuperação econômica dos Estados Unidos, a aceleração da pandemia de covid-19, a incerteza da eleição presidencial americana e a política monetária acomodatícia do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
Próximo ao horário do fechamento das bolsas de Nova York, o dólar subia a 105,85 ienes, enquanto o euro recuava a US$ 1,1779 e a libra esterlina avançava a US$ 1,3093, quase estável. O índice DXY, que mede a variação do dólar ante uma cesta de seis rivais fortes, subiu 0,35%, a 93,349 pontos, mas registrou perda de 4,15% no mês, a maior queda mensal desde setembro de 2010.
"De casos crescentes de coronavírus, queda dos juros, benefícios de estímulos expirados, turbulência interna, um presidente imprevisível a tensões políticas com muitos países ao redor do mundo, os investidores tiveram muitas razões para abandonar o dólar", analisa a diretora de estratégias cambiais da BK Asset Management, Kathy Lien.
O impasse entre republicanos e democratas em torno do próximo pacote fiscal continua. Sem acordo, os benefícios de auxílio-desemprego de US$ 600 por semana expiram hoje. Enquanto isso, as novas restrições impostas em Estados que tiveram aceleração no número de novos casos de covid-19 já começam a afetar a atividade. O índice de sentimento do consumidor, medido pela Universidade de Michigan, recuou de 78,1 em junho para 72,5 em julho.
"O dólar se fortaleceu levemente, mas nada mais foi do que uma tomada de lucro muito morna, pois o sentimento do investidor continua sendo muito negativo em relação ao dólar", afirma o analista Boris Schlossberg, também da BK Asset Management.
Para analistas de câmbio do ING, os mercados entram em agosto com uma nova dinâmica, "pois a tendência de baixa do dólar parece ser impulsionada por um novo prêmio de risco relacionado ao coronavírus". Ante moedas emergentes e ligadas a commodities, o dólar se fortaleceu. No final da tarde em Nova York, a divisa americana subia a 72,4167 pesos argentinos, a 17,1076 rands sul-africanos e a 22,2751 pesos mexicanos.