O dólar operou boa parte da tarde em queda, por causa da expectativa pelo pacote de estímulo dos Estados Unidos. Nesta terça-feira, 20, a moeda americana chegou a cair a R$ 5,54, mas o movimento perdeu fôlego perto do fechamento e a divisa passou a subir, com o clima de cautela quando começou o encontro entre a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, pouco depois das 16 horas (de Brasília), para tentar acertar os detalhes finais do pacote trilionário. Também ajudou a retirar pressão do câmbio mais cedo a nova rodada de declarações de compromisso fiscal do ministro da Economia, Paulo Guedes, que prometeu privatizações e não aumentar a carga tributária do Brasil, além de respeitar o teto de gastos.
No fechamento, o dólar à vista terminou com ganho de 0,18%, cotado em R$ 5,6133. No mercado futuro, o dólar com liquidação em novembro era negociado praticamente estável às 17h, aos R$ 5,6110.
A expectativa de um acerto para o pacote de estímulo fiscal, alimentada no começo da tarde pelo otimismo mostrado por Pelosi em uma entrevista, fez o dólar cair nas mínimas em uma semana ante moedas como o euro e o dólar canadense, além de ampliar a queda ante divisas emergentes.
"Os investidores permaneceram otimistas com a perspectiva de algum tipo de acordo entre a Casa Branca e Pelosi, que force o Senado a aprová-lo", avalia o diretor de moedas da gestora americana BK Asset Management, Boris Schlossberg. O Senado, de maioria republicana, tem se mostrado relutante em um acordo muito maior que o proposto pelo partido, com estímulos da ordem de US$ 1,8 trilhão. Mas na tarde de hoje, a imprensa internacional noticiou que o líder da maioria do Partido Republicano no Senado, Mitch McConnell, afirmou que a casa pode considerar um pacote fiscal mais elevado, se houver um acordo sobre os dois.
No noticiário doméstico, Guedes falou da possibilidade de privatizar a Caixa, além de afirmar que o governo não vai abandonar o teto. Apesar de Guedes não anunciar novas medidas ou planos concretos, as declarações desde ontem ajudaram a fortalecer o real, ressaltam os estrategistas em Nova York do Citigroup. "Em linhas gerais, o fluxo de notícias de Brasília tem sido mais leve recentemente", observam os analistas do banco americano, ressaltando que o presidente Jair Bolsonaro também tem dado declarações apoiando a responsabilidade fiscal. A dúvida, ressalta o Citi, é se esse ambiente mais calmo vai durar, sobretudo quando se leva em conta que o governo prometeu anunciar depois das eleições como vai financiar o novo programa social, o Renda Cidadã.