A Eletrobras (SA:ELET3) teve lucro líquido de R$ 96 milhões no terceiro trimestre de 2020, queda de 87% na comparação com os R$ 716 milhões apurados no mesmo intervalo de 2019. De acordo com a estatal de energia, os resultados do trimestre foram impactados, principalmente, pela redução de receita de geração, em R$ 866 milhões, refletindo, principalmente, à provisão de desvio negativo de energia das Usinas Nucleares de Angra I e Angra II, no valor R$ 216 milhões, referente a não geração de energia em comparação ao total de garantia física, ocasionada pela extensão da parada de Angra 1 e 2 além do período previsto, ao ressarcimento por não atendimento de inflexibilidade da Usina Candiota III, no valor total de R$ 52 milhões e ao término, em 2019, de contratos no Ambiente de Contratação Regulada (ACR), de cerca de 672MW médios, por Furnas e Eletronorte.
A Eletrobras destaca ainda que o resultado também foi pressionado pelo aumento de provisões contingências de R$ 941 milhões, com destaque para R$ 377 milhões relativos às contingências judiciais que discutem a correção monetária de empréstimo compulsório, especialmente em decorrência de reclassificação de risco de um processo específico de R$ 219 milhões.
Adicionalmente, a Eletrobras afirma que também contribuíram para o menor lucro o acréscimo de R$ 353 milhões de atualização, pelo valor de mercado, da provisão equivalente ao montante do valor de ações preferenciais B que deverão ser entregues aos contribuintes de empréstimo compulsório que comprovarem sua legitimidade; as Provisões de Contratos Onerosos no montante de R$ 172 milhões, com destaque para R$ 125 milhões relativos ao contrato de compra de energia de Jirau; e a provisão para créditos de liquidação duvidosa - Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa (PCLDs) referentes ao risco de inadimplência, pela empresa privada Amazonas D, de dívida financeira com a Eletrobras e de fornecimento de energia com a Amazonas GT, no montante total de R$ 211 milhões.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 1,957 bilhão, baixa de 29% frente aos R$ 2,766 bilhões reportados no terceiro trimestre de 2019. A margem Ebitda caiu de 38% para 26% em um ano.
Já o Ebitda recorrente da estatal, que exclui custos extraordinários com planos de aposentadoria extraordinária (PAE) e demissão consensual (PDC), despesas com investigação independente, provisões para contingência e perdas em investimentos, contratos onerosos, impairment e outros efeitos, foi de R$ 3,202 bilhões, retração de 18% na mesma base de comparação.
Enquanto isso, a receita operacional líquida passou de R$ 7,320 bilhões no terceiro trimestre de 2019 para R$ 7,431 bilhões no mesmo trimestre deste ano, com crescimento de 1,5%, influenciada pelo efeito positivo da receita de transmissão em razão da nova estimativa de recebimento da RAP (Receita Anual Permitida) RBNI (base incremental), devido à Revisão Tarifária Periódica 2018-2023, ocorrida em julho de 2020, com efeito retroativo a 2018, impactando positivamente o resultado em R$ 819 milhões.
Segundo a empresa, tal resultado em transmissão compensou, parcialmente, o resultado negativo em geração, fortemente impactado pelas inflexibilidades das Usinas Nucleares e de Candiota III e pela queda dos resultados comercialização, embora tenha havido um aumento de R$ 123 milhões na receita de geração das usinas sob regime de cotas da lei 12.783/2013, em razão do reajuste anual.