Por Eduardo Simões
SÃO PAULO (Reuters) - A autorização para exportação pela China de insumos para envase de vacinas contra Covid-19 no Brasil é uma questão técnica e não política, disse nesta terça-feira o embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, após reunião com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
O embaixador afirmou ainda que o Brasil e o Estado de São Paulo, em particular, são parceiros importantes para a China e que o país asiático não usará a vacina contra a Covid-19 como uma arma política. Disse ainda que a China quer contribuir para a parceria entre a Sinovac (NASDAQ:SVA) e o Instituto Butantan, que testou a CoronaVac no Brasil e está envasando o imunizante para entrega ao Ministério da Saúde.
"Em relação à autorização para exportação dos insumos para a vacina, acredito que todos sabemos muito bem que se trata de uma questão técnica e não política", disse o embaixador por videoconferência no início de uma entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo.
"As vacinas são uma arma para conter a pandemia e garantir a saúde do povo e não um instrumento político. A parte chinesa atribui muita importância à cooperação no desenvolvimento da vacina e gostaríamos de consolidar a cooperação entre as duas partes", acrescentou.
A demora na autorização pelo governo chinês para a exportação de insumos para a CoronaVac e também para a vacina da AstraZeneca (LON:AZN) (SA:A1ZN34), que será envasada no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), levantaram temores de que Pequim estaria respondendo à retórica hostil do presidente Jair Bolsonaro e de seus aliados contra o país.
"A parte chinesa está disposta a manter comunicações com o governo federal do Brasil, com o governo estadual de São Paulo e apoiar em conjunto a parceria entre Sinovac e o Butantan de maneira que a CoronaVac contribua ainda mais para o combate da pandemia no Brasil", disse.
Após a fala do embaixador, o presidente do Butantan, Dimas Covas, afirmou que um lote de 5,4 mil litros de insumos da CoronaVac deve chegar ao Brasil na quarta-feira da próxima semana.
Esses insumos, segundo Dimas Covas, serão transformados em cerca de 8,6 milhões de doses da vacina a serem entregues ao Programa Nacional de Imunização 20 dias após a chegada.