Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A Ibiúna Investimentos mantém um cenário positivo para a bolsa brasileira, mas não descarta volatilidade e ajustes negativos no curto prazo, conforme o processo de aprovação da reforma da Previdência sinaliza um andamento mais arrastado.
"A votação final deve ficar para o segundo semestre, difícil precisar quando, talvez em setembro, talvez em outubro", estimou André Lion, sócio responsável pela área de renda variável da gestora, que tem 6,4 bilhões de reais sob gestão.
No começo do ano, havia no mercado expectativas de que o texto que muda as regras de aposentadorias pudesse ser aprovado ainda na primeira metade do ano. Mas tal perspectiva está sendo esvaziada diante de dificuldades e atrasos ainda no primeiro estágio de tramitação da PEC da Previdência no Congresso.
"Vai demorar mais do que se estava prevendo", afirmou, ressaltando que tal cenário acaba mantendo investidores estrangeiros de fora da bolsa brasileira. "Há interesse, mas está todo mundo esperando."
Nesse cenário, Lion considera difícil o Ibovespa superar os 140 mil, 150 mil pontos ou mais - que alguns agentes de mercado chegaram a prever para 2019 - mas vê o índice de referência do mercado acionário brasileiro superando 100 mil pontos este ano.
"No atual cenário e considerando a aprovação da reforma, há condições de chegar a 115 mil pontos... A economia está passando por uma arrumação e isso é positivo", afirmou.
O Ibovespa chegou a superar os 100 mil pontos durante o pregão em duas sessões de março, patamar que não conseguiu sustentar, particularmente em razão de ruídos na cena política. Nesta segunda-feira, o índice exibia estabilidade, com oscilação positiva de 0,03 por cento, a 94.606 pontos.
Lion também chamou a atenção para o panorama externo mais favorável para as ações brasileiras, com perspectiva de manutenção dos juros em mínimas recordes nos Estados Unidos e zona do euro e atividade econômica relativamente saudável.
Mesmo a questão comercial envolvendo os EUA e a China, que ainda não teve um desfecho, ele vê como melhor, uma vez que ambos os governo têm mostrado disposição de conversar.
"Realmente o Brasil está tendo sorte desta vez, porque o cenário externo ficou melhor nos últimos meses, dando tempo para a gente resolver nossos problemas internos", afirmou, citando entre essas questões a reforma da Previdência.
"Se não tivesse melhorado lá fora, a 'paciência' dos investidores com o Brasil seria muito menor."