Bolsa de Frankfurt perdia 2% e o petróleo descia ladeira abaixo da faixa dos US$ 48 o barril (Daniel Roland/AFP)
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A quarta-feira (6) é uma extensão da terça-feira (5) nos mercados globais. O pessimismo impera mediante o receio sobre consequências danosas da saída do Reino Unido da União Europeia na economia mundial. A fragilidade do setor bancário da Itália pode empurrar o país de volta à recessão e relembrar a tragédia grega. De quebra, fundos britânicos congelaram saques. A bolsa de Frankfurt perdia 2% e o petróleo descia ladeira abaixo da faixa dos US$ 48 o barril.
A fuga de ativos mais arriscados simultânea à busca por aplicações consideradas mais seguras deve prejudicar a Bovespa e elevar o dólar frente ao real. Nesse sentido, a moeda norte-americana contará com mais uma ajuda do Banco Central. A autoridade realiza hoje o quarto leilão seguido de 10 mil contratos de swap cambial reverso, instrumento que equivale a uma compra futura de dólares. A divisa fechou ontem cotada a R$ 3,3027.
Em paralelo à tensão global será conhecida nesta tarde a ata referente à última decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). Na ocasião (antes do Brexit), a presidente do Fed, Janet Yellen, citou o referendo britânico como um dos fatores preponderantes (ao lado do mercado de trabalho) para orientar o ritmo de subida da taxa básica de juro dos EUA.
Na véspera, o presidente do Fed Nova York, William Dudley, afirmou que o Brexit pode ser um fator de risco para a economia norte-americana caso a turbulência se espalhe.
Por aqui, as atenções seguem concentradas no debate acerca da previsão do rombo fiscal de 2017, que deve ser apresentada na quinta-feira (7). O governo vai definir um déficit primário inferior ao esperado para este ano de R$ 170,5 bilhões, mas o número final vai depender da venda de ativos, segundo a Reuters.
Em seu perfil no Twitter, o secretário de acompanhamento econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida, diz que o debate sobre o assunto está confuso. Ele ressalta que algumas sugestões para melhorar a meta do resultado primário não têm viabilidade política: “A sugestão de um analista: 'É só corrigir os benefícios previdenciários abaixo da inflação.’ Sério? Quem vai aprovar esta loucura?”.
O poder e a economia
Jogos - Proibidos no Brasil há 70 anos, os jogos de azar, como cassinos, bingos, jogo do bicho e vídeojogos, poderão voltar a ser liberados. Está na pauta de votação do plenário do Senado de hoje (6) o projeto de lei que legaliza o funcionamento desse tipo de jogo, proibido no país desde 1946.
Meta - A líder do governo no Congresso, senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), afirmou nesta terça-feira que a nova meta fiscal de 2017 ficará entre R$ 150 bilhões e R$ 160 bilhões.
Cide - O governo Temer estuda elevar a Cide para evitar que o déficit fiscal de 2017 atinja o mesmo nível dos R$ 170,5 bilhões esperados para 2016.
Sem ética - Os sindicalistas da Petrobras (SA:PETR4) ligados à FUP (Federação Única dos Petroleiros) estão descontentes com a obrigação de assinar o novo Código de Ética e o Guia de Conduta da estatal. Entre as exigências estão a proibição de receber propinas e presentes
TCU - O Ministério Público Federal e o Tribunal de Contas da União querem barrar a tentativa do governo de renovar, sem licitação, as atuais concessões de rodovias federais.
Pré-sal - Às 14h30, a Comissão da Câmara sobre a Petrobras faz reunião para discutir e votar parecer sobre mudanca na lei de exploração do pré-sal.
Fila - A Secretaria do Tesouro, incluindo Mansueto Almeida, tem reunião hoje com os bancos JPMorgan, Santander (SA:SANB11), Itau BBA e BofA.
O que acontece no mundo corporativo
Fusão - A Estácio Participações (SA:ESTC3) ainda não aprovou nenhuma das propostas de associação recebidas por concorrentes, de acordo com documento assinado pelo segundo maior acionista da empresa carioca, Chaim Zaher, e enviado ao mercado.
Aéreas - Sem conseguir aprovar o aumento da participação de capital estrangeiros sobre as companhias aéreas, o que era apontado como uma provável solução para muitas delas, o governo agora prepara uma ajuda para socorrer o setor.
Citi - O Santander é o mais avançado nas negociações para levar as operações de varejo do Citi no Brasil, aponta uma reportagem do Estadão em que cita um executivo do banco espanhol.
Prego na cadeira - O segundo maior acionista da Estácio Participações, Chaim Zaher, renunciou ao cargo de presidente da companhia, menos de um mês após assumi-lo. Zaher solicitou que o conselho se reúna para eleger novo presidente e recomendou o atual diretor de operações da Estácio, Gilberto de Castro, como sucessor.
Haja sol 1 - A italiana Enel (MI:ENEI) iniciou as obras da maior usina solar do Brasil, no Piauí, que deverá somar 292 megawatts em capacidade e receber quase R$ 1 bilhão em investimentos.
Haja sol 2 - A China Three Gorges, que nos últimos anos investiu mais de R$ 15 bilhões em hidrelétricas no Brasil, prepara-se agora para em usinas eólicas e solares, afirmou o presidente da companhia no país, Li Yinsheng.
Soterrada - A Samarco poderá ficar sem dinheiro em caixa a partir do terceiro trimestre e não deverá retornar à operação até pelo menos meados de 2017, afirmou o Credit Suisse, em relatório a clientes.
Vida própria - O Itaú Unibanco (SA:ITUB4) vai manter a marca Hipercard, mesmo após criar uma nova bandeira nacional de cartões numa joint venture com a MasterCard. Em nível nacional, a participação da Hipercard é de 3,7% do mercado de cartões de crédito, nível similar ao da norte-americana American Express.
Comprar ou vender
Vivo é cortada para equalweight por Morgan Stanley (NYSE:MS), segundo a Bloomberg News.
Para comentar mais tarde
Mansueto Almeida vê "loucura" e "confusão" em debate fiscal. O debate sobre o apontamento do déficit fiscal de 2017 em torno de R$ 170 bilhões está confuso, diz Mansueto Almeida. O Secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda ressalta que algumas sugestões para melhorar a meta do resultado primário não têm viabilidade política. Em seu Twitter, Mansueto dispara: “A sugestão de um analista: “É só corrigir os benefícios previdenciários abaixo da inflação”. Sério? Quem vai aprovar esta loucura?”. Leia mais.