Documentos mostram que chinesa BYD detém direitos minerários no Vale do Lítio

Publicado 14.02.2025, 07:35
Atualizado 14.02.2025, 08:50
© Reuters

Por Fabio Teixeira

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A fabricante chinesa de carros elétricos BYD (SZ:002594) adquiriu direitos minerários sobre dois lotes em uma região rica em lítio do Brasil em 2023, entrando no negócio de mineração em seu maior mercado fora da China, de acordo com registros públicos revisados pela Reuters.

A aquisição de direitos minerários no Brasil pela produtora de veículos elétricos é seu passo mais concreto até agora em direção à mineração de minerais estratégicos no Hemisfério Ocidental.

A aquisição não divulgada anteriormente dos direitos minerários no final de 2023 foi feita pela subsidiária da BYD Exploração Mineral do Brasil, que foi criada em maio daquele ano, mostram os documentos.

Os lotes ficam a apenas meio dia de carro do novo projeto de fábrica da BYD na Bahia, no qual também concordou em investir em 2023. Eles também são vizinhos de lotes de propriedade da mineradora listada nos EUA Atlas Lithium.

A subsidiária foi criada com um capital social de R$4 milhões e obteve um lucro de cerca de R$213.000 com variações cambiais em 2023, segundo documentos de registro público.

A empresa "está em fase de pesquisa", sem volume de movimentação financeira nem receitas operacionais, segundo uma ata de uma reunião de acionistas de outubro vista pela Reuters.

A BYD não quis comentar o assunto.

A BYD, que comprou participações em grandes mineradoras chinesas, foi uma das seis empresas autorizadas a dar lances em um projeto de lítio chileno no ano passado e delineou planos para uma planta de cátodo de lítio no norte do Chile.

Visitas recentes de delegações dos EUA, Arábia Saudita e China ressaltaram o interesse global no Brasil como um mercado aberto na corrida geopolítica pelo acesso a minerais estratégicos.

O Brasil evitou uma forte presença estatal em seu setor de lítio, ao contrário de outros países sul-americanos, até mesmo flexibilizando os controles de exportação do metal em 2022.

Suas melhores perspectivas de lítio são depósitos de rocha que se prestam à mineração tradicional, ao contrário da complicada extração de lítio de salinas na Argentina, Bolívia e Chile.

A prospecção da BYD por lítio brasileiro reforça a escala de sua aposta na maior economia da América Latina, onde o grande investimento da empresa em um antigo complexo fabril da Ford (NYSE:F) foi manchado em dezembro com acusações de abusos trabalhistas.

No ano passado, o Financial Times informou que a BYD teve negociações com a Sigma Lithium (BVMF:S2GM34), maior produtora de lítio do Brasil, sobre um possível acordo de fornecimento, joint venture ou aquisição.

VALE (BVMF:VALE3) DO LÍTIO

Os direitos minerários da BYD cobrem 852 hectares (8,5 km²) na cidade de Coronel Murta, parte do Vale do Jequitinhonha, no Estado de Minas Gerais, conhecido como Vale do Lítio.

O projeto vizinho da Atlas Lithium em Coronel Murta está em fase de pesquisa após um mapeamento geológico inicial da área, informou a empresa em seu site em junho.

O CEO da Atlas, Marc Fogassa, disse que soube da presença da BYD por meio de terceiros, mas nunca discutiu o assunto diretamente com a montadora. "Se eles investiram nessas duas áreas é porque viram o potencial e isso obviamente faz com que minhas áreas fiquem mais valiosas", disse Fogassa à Reuters.

Coronel Murta fica a cerca de 825 km de distância, aproximadamente 12 horas de carro, do complexo no litoral da Bahia, onde a BYD está desenvolvendo a fábrica com capacidade para produzir 150.000 carros elétricos por ano.

Desde que adquiriu os direitos minerários, a BYD contratou a Minagem Geologia e Mineração, uma empresa brasileira de pesquisa mineral, mostram documentos públicos.

A Minagem disse que teria que pedir permissão à subsidiária da BYD para falar sobre o assunto.

De forma geral, pode levar de oito a 15 anos para que um projeto de mineração no Brasil inicie a produção se for considerado economicamente viável, de acordo com o advogado Luiz Fernando Visconti, do Visconti Law, escritório de advocacia especializado no setor de mineração.

(Reportagem de Fabio Teixeira no Rio de Janeiro, reportagem adicional de Luciana Novaes Magalhães em São Paulo)

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