Por Carolina Mandl e Tatiana Bautzer
SÃO PAULO (Reuters) - A falta de financiamento bancário para potenciais compradores pode ampliar o atraso na entrega de ofertas vinculantes por oito refinarias da Petrobras (SA:PETR4), segundo três pessoas com conhecimento do assunto.
A estatal já adiou uma vez a entrega de propostas, do início de abril para o começo de junho, em meio à crise de preços de petróleo e forte queda de demanda por combustíveis, com o impacto das medidas para combater o coronavírus.
Em resposta ao questionamento da Reuters, a Petrobras citou seu último fato relevante, quando postergou a entrega das propostas, no qual não citava um novo prazo firme. Mas naquela época, fontes com conhecimento direto do assunto disseram ter comunicado os compradores sobre um prazo adicional de 30 a 60 dias.
Agora, os grupos interessados nas aquisições de refinarias estão enfrentando condições de financiamento mais difíceis. O valor total das refinarias pode superar 10 bilhões de dólares e todos os interessados devem usar algum financiamento.
Os bancos estão relutantes em fazer novos empréstimos para a área de refino, dada a forte queda de demanda por combustíveis e instabilidade dos preços do petróleo.
A Ultrapar (SA:UGPA3) Participações SA, a Raízen, o investidor estatal dos Emirados Árabes Mubadala Investment Company e a estatal chinesa Sinopec apresentaram propostas não vinculantes na primeira fase do processo.
Antes da pandemia, a petroleira americana Exxon Mobil (NYSE:XOM) negociava sua entrada em um dos consórcios. Mas a empresa cortou investimentos em "downstream" e despesas e investimentos em exploração, depois de registrar prejuízo no primeiro trimestre.
A Exxon não comentou imediatamente o assunto.
Também se tornaram impossíveis as visitas presenciais às refinarias que fazem parte da due diligence dos compradores, devido ao risco de contágio do Covid-19, segundo uma das fontes.
A Petrobras vem encontrando obstáculos na estratégia de redução de dívida, que estava em 87,1 bilhão de dólares no fim de 2019, depois da forte queda de demanda por petróleo provocada pelas medidas de isolamento social em todo mundo durante a pandemia.
Em abril, a empresa retirou a meta de redução para o ano de 2020 devido à volatilidade de mercado.
(Reportagem de Carolina Mandl e Tatiana Bautzer)