Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A fabricante de equipamentos norte-americana GE e a elétrica Echoenergia estão investigando as causas de um inusual incidente registrado em um parque eólico em Pernambuco, onde uma turbina desabou ao chão após o rompimento da torre que a sustentava.
A queda da máquina ocorreu no domingo, no complexo eólico Ventos de São Clemente, em Caetés, disseram as empresas à Reuters, destacando que ninguém ficou ferido e houve apenas perdas materiais.
Imagens enviadas à Reuters por uma fonte mostram que a torre se rompeu ao meio, derrubando e deixando em destroços a nacelle e as pás que giram com a força dos ventos para produzir energia.
"A empresa lamenta este ocorrido sem precedentes, tendo em vista que seus principais valores são a segurança das pessoas e de suas instalações", disse em nota à Reuters a Echoenergia, controlada pela empresa britânica de private equity Actis.
"Já estão sendo tomadas todas as medidas necessárias para a apuração da causa... a empresa acionou seu plano de gestão de emergências e providenciou o isolamento da área para iniciar os trabalhos de contenção, apuração e reparo", acrescentou.
O parque eólico possui 126 aerogeradores e uma capacidade instalada total de 216 megawatts. Ele está em operação comercial desde junho de 2016, segundo informações do site da Echoenergia, com equipamentos da GE.
"No dia 21 de julho, a GE foi informada sobre a queda de uma turbina 1.7-103 no parque eólico Ventos de São Clemente, em Pernambuco. A GE imediatamente enviou uma equipe para o local e está trabalhando junto ao operador do parque eólico para determinar a causa raiz deste incidente", disse a fabricante em nota.
O consultor Pedro Perrelli, da PTP Renováveis, afirmou que as fotos do incidente chamam a atenção porque permitem ver que a torre que sustentava a nacelle e as pás rompeu-se, o que não é usual no mundo da energia eólica.
"Eu nunca tinha visto uma torre quebrada. Eu já vi torres tortas, tenho inclusive um filme que mostra uma torre entortando e caindo ao chão ainda com as pás girando", afirmou ele, que já foi diretor-executivo da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) e trabalha no setor desde o início dos anos 2000.
Perrelli lembrou que mesmo um incidente no Rio Grande do Sul, no qual oito turbinas de um parque eólico da estatal Eletrosul e do fundo Rio Bravo foram derrubadas por um forte vendaval, em 2016, não registrou torres quebradas.
"Aquilo foi vento, e as máquinas entortaram, nenhuma torre quebrou. Algumas entortaram dois ou quatro metros... mas desse jeito eu nunca tinha visto. Eu diria que é um evento inusual", afirmou.
"Vai ser necessário uma peritagem de engenharia, com certeza (para definir as causas)", acrescentou ele.
As máquinas em parques eólicos costumam ter seguros, e eventualmente o fabricante pode substituir o equipamento após negociações com o proprietário da usina, mas o que poderia causar algum transtorno para a Echoenergia seria o impacto sobre a produção até que a situação se resolva, apontou o consultor.
O complexo da Echoenergia vendeu a produção para distribuidoras em um leilão realizado pelo governo brasileiro em 2014. Nos contratos, o gerador compromete-se a entregar determinado volume, que se frustrado pode obrigar à compra de eletricidade no mercado para entrega aos compradores.