Por Nupur Anand e Niket Nishant e Saeed Azhar
NOVA YORK (Reuters) - Os bancos de Wall Street devem reportar lucros mais altos no segundo trimestre, uma vez que o aumento dos pagamentos de juros compensa uma desaceleração nas operações de fusões, aquisições e ofertas de dívida e ações.
Para bancos amplos como JPMorgan (NYSE:JPM) e Wells Fargo (NYSE:WFC), que atendem consumidores de varejo, bem como corporações, o lucro por ação (EPS) deve saltar mais de 40%, de acordo com estimativas de analistas da Refinitiv I/B/E/S na segunda-feira. No caso do Bank of America (NYSE:BAC), provavelmente subirá mais de 7%. Citigroup (NYSE:C), por sua vez, deve destoar com queda de 43% no lucro.
Entre os bancos de investimento, a previsão é de queda de quase 59% do lucro por ação do Goldman Sachs (NYSE:GS). No caso do Morgan Stanley (NYSE:MS), estima-se um declínio de 9%, embora a receita da gestão de patrimônio provavelmente amorteça o golpe na fraqueza em operações no mercado de capitais.
Os bancos amplos foram ajudados pelos consumidores norte-americanos que continuam a gastar dinheiro e permanecem com boa saúde financeira, disse David Konrad, analista da Keefe, Bruyette & Woods. Isso compensa a estagnação nos bancos de investimento, onde as receitas foram reduzidas pelo aumento das taxas de juros e pela incerteza econômica.
"O Goldman terá novamente um trimestre sombrio para o banco de investimento e 'trading' tem sido fraco devido à menor volatilidade", disse Stephen Biggar, analista da Argus Research. O banco provavelmente fará uma baixa contábil em seus negócios de varejo, acrescentou.
Os fracos mercados de M&A e ofertas continuarão a ser um ponto sensível para Wall Street depois que a atividade global de banco de investimento caiu para 15,7 bilhões de dólares no segundo trimestre, a menor desde 2012, segundo dados da Dealogic.
Os executivos do setor bancário também reduziram as expectativas para o segundo trimestre, depois que fusões, aquisições e ofertas de dívida caíram nos últimos meses. Mas alguns apontaram para um renascimento nas ofertas públicas iniciais de ações (IPO) como um sinal de uma potencial recuperação nos mercados de capitais para o segundo semestre.
Quando as taxas de juros sobem, os credores normalmente ganham mais ao cobrar dos clientes taxas de empréstimo mais altas. Mas a demanda por empréstimos está diminuindo e os bancos estão pagando para manter o dinheiro dos consumidores estacionado em contas enquanto os clientes procuram opções de maior rendimento.
Olhando para o futuro, os bancos podem reduzir os empréstimos em preparação para novas regras que podem exigir que eles retenham mais capital. Os gigantes bancários dos EUA passaram pelo exame anual de saúde do Fed em junho, mostrando que tinham capital suficiente para resistir a uma grave crise econômica. Os bancos aumentaram seus dividendos depois que os resultados foram anunciados.
Analistas e investidores também se concentrarão nos comentários dos executivos sobre o crescimento dos empréstimos e a qualidade do crédito, disse Betsy Graseck, analista do Morgan Stanley.
"É uma faca de dois gumes", afirmou ela. "A boa notícia é que o crédito é bom, mas a má notícia é que isso pode significar que as taxas precisam subir ainda mais", disse.
Embora as finanças do consumidor tenham resistido até agora, os riscos de inadimplência em empréstimos pessoais e cartões de crédito devem aumentar, escreveu Kenneth Leon, diretor de pesquisa da CFRA Research, em nota.
"Vemos maior risco de crédito para famílias de classe baixa a média com dívidas de cartão de crédito mais altas que não conseguem acompanhar os custos de vida mais altos", acrescentou Leon.
(Reportagem de Nupur Anand e Saeed Azharr em Nova York e Niket Nishant em Bengaluru)