SÃO PAULO (Reuters) -A Águas do Brasil venceu nesta quarta-feira o leilão pelo lote 3 de concessão da companhia fluminense de saneamento Cedae, com oferta de outorga de 2,2 bilhões de reais, batendo a única rival no certame, a Aegea.
O lance vencedor da Águas do Brasil, que participou na sob o nome oficial SAAB (Saneamento Ambiental Águas do Brasil), representou um ágio de 90% sobre o valor mínimo definido no edital. A Reuters havia antecipado na segunda-feira que essas seriam as únicas empresas na disputa pelo bloco.
"O lance da Aegea foi de um competidor disposto a levar a disputa para o leilão viva-voz, enquanto a Águas do Brasil quis resolver a disputa logo de cara", disse à Reuters uma fonte a par do processo, que pediu para não ser identificada.
O lote foi redesenhado após ter sido o único dos quatro levados a leilão em abril que não teve interessados. Sua área, formada inicialmente por seis cidades, foi ampliada para 21 municípios, incluindo 22 bairros da cidade do Rio de Janeiro. A expectativa é de que o ativo receba investimentos de 4,7 bilhões de reais nos 35 anos do prazo de concessão.
No leilão de abril, a Aegea, que possui como sócios o fundo soberano de Cingapura (GIC) e a Itaúsa (SA:ITSA4), controladora do Itaú Unibanco (SA:ITUB4), havia arrematado os lotes 1 e 4, enquanto a Iguá, com suporte do fundo de pensão canadense CPP, venceu o lote 2.
No conjunto, esta é maior concessão de infraestrutura de saneamento da história do país e ocorreu pouco mais de um ano após a aprovação do marco legal do setor. O objetivo é obter a universalização da coleta e tratamento de esgoto para cerca de 13 milhões de pessoas.
Criada em 1998, a Águas do Brasil tem como sócios um grupo de famílias reunidos na Developer e a New Water Participações.
Na semana passada, a Queiroz Galvão vendeu uma fatia restante que tinha na Águas do Brasil para a Developer, que passou a ter 84% do total, segundo a assessoria da companhia.
Antes do leilão, a empresa já controlava 15 operações de saneamento básico de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
O governador fluminense, Cláudio Castro, disse que o resultado do leilão faz o Rio de Janeiro deixar de ser visto com vergonha devido à crise fiscal dos últimos anos e será mais atrativo para investidores privados.
"Se tivesse que cobrar outorga zero, eu faria", disse ele na cerimônia após o resultado do leilão.
Executivos da Águas do Brasil disseram a jornalistas após o leilão que a companhia pretende pagar o valor da outorga com uma combinação de recursos próprios e empréstimos bancários.
Na mesma coletiva de imprensa, o diretor de infraestrutura, Concessões e PPPs do BNDES, Fábio Abrahão, disse esperar que outros três projetos de concessão de saneamento liderados pelo banco sejam executados em 2022, incluindo no Ceará e no Rio Grande do Sul, atraindo investimentos de 10 bilhões de reais.
(Por Aluísio Alves, com reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier; edição de André Romani)