Por Gabriel Codas
Investing.com - Na parte da manhã desta segunda-feira, as ações da Hypera operam entre os maiores ganhos do Ibovespa hoje. A companhia reportou na sexta-feira que teve crescimento de receita e lucro no segundo trimestre, apesar dos efeitos das medidas de isolamento social sobre a economia, em resultados divulgados pela companhia no final da sexta-feira.
A farmacêutica, que é dona de marcas como Coristina, Doril e Addera, teve alta de 17,6% no lucro líquido do segundo trimestre ante o mesmo período do ano passado, para cerca de R$ 400 milhões, acima do consenso do mercado de R$ 313,52 milhões. A receita líquida avançou 8%, a R$ 1,05 bilhão, porém abaixo do consenso de R$ 1,11 bilhão.
Por volta das 11h38, os ativos disparavam 6,51% a R$ 36,50, a segunda maior alta do dia no Ibovespa atrá de Usiminas (SA:USIM5). O principal índice acionário brasileiro avançava 1,90% a 104.325 pontos.
Visão dos analistas
Para o Banco do Brasil Investimentos, os resultados referentes ao 2T20 da Hypera Pharma (SA:HYPE3) foram positivos. Na visão dos analistas, apesar da companhia não ter passado incólume ao Covid-19, ainda observam que os reflexos da crise no desempenho, a disciplina na gestão de custos e despesas proporcionaram expansão da margem EBITDA Ajustada, a despeito da queda na margem bruta.
A equipe avalia que tudo considerado, a Hypera Pharma é vista como uma das companhias mais bem posicionadas do setor para atravessar a turbulência ora vivenciada, haja vista a resiliência do varejo farmacêutico nesta e em crises anteriores. A recomendação segue de Compra de HYPE3 e preço-alvo em R$ 41,00
Estimativas para 2020
A empresa também divulgou estimativas de desempenho em 2020, que são baseadas nos impactos da epidemia de Covid-19, variações cambiais, maior endividamento e incorporação de resultados da aquisição recente da família de medicamentos Buscopan a seu portfólio.
A Hypera espera ter em 2020 receita líquida de 4 bilhões de reais, ante faturamento de 3,3 bilhões no ano passado, e lucro líquido de operações continuadas de cerca de 1,3 bilhão, alta de 9% sobre 2019.
A companhia afirmou que o resultado do segundo trimestre recebeu impulso de consumidores que correram para farmácias no final do primeiro trimestre para estocar medicamentos isentos de prescrição e similares e genéricos, movimento que não foi totalmente capturado pelo balanço do primeiro trimestre.
Porém, a empresa alertou no balanço que o isolamento social resultou em “redução do fluxo de pessoas nas farmácias, menor número de visitas aos médicos e pontos de venda e diminuição do número de consultas médicas, o que impactou negativamente o varejo farmacêutico brasileiro e, consequentemente, o crescimento da Hypera”.
A venda geral de produtos da empresa para consumidores via farmácias, chamado pela companhia de “sell out”, acabou caindo 1,6% no segundo trimestre, afetada principalmente por abril, quando boa parte do Brasil ainda estava trancado por medidas de quarentena, que passaram a ser flexibilizadas em meados de maio e início de junho. Com isso, no mês passado a Hypera registrou crescimento de 6,6% no sell out.
Venda da marca Xantinon
A Hypera comunicou nesta segunda-feira que contratou o banco BR Partners para avaliar alternativas que envolvam a alienação da marca Xantinon, que será de titularidade da companhia com a consumação da aquisição da Takeda.
A farmacêutica disse que a conclusão da compra do portfólio de medicamentos da Takeda Pharmaceutical International no Brasil, anunciada em março, depende de certas condições precedentes, entre elas a aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
"A companhia avalia, em conjunto com seus assessores, potenciais remédios de natureza concorrencial que podem vir a ser exigidos pelo Cade, quando este órgão apreciar a aquisição Takeda", afirmou em comunicado.
De acordo com a Hypera, a análise que vem sendo realizada com a assessoria da BR Partners é preliminar e está sujeita a diversos fatores, sem qualquer definição de valor para o ativo neste momento.
O comunicado da Hypera foi divulgado após o jornal Valor Econômico publicar na edição desta segunda-feira que a empresa contratou a BR Partners para vender a marca Xantinon por até 250 milhões de reais.
(Com contribuição de Reuters)